Comento com Raquel, a minha carona: "Agora não é mais transportadora, é logística. As empresas de transporte levam mercadorias de uma forma lógica. Os motoristas passam meses no treinamento lendo Aristóteles, discutindo entre si todos os tratados de sua teoria..."
Comentamos esse barroquismo cafona de usar palavras difíceis para coisas simples que o brasileiro adora.
Então, ela me contou que as manicures mais chiques agora não são mais MANICURE, mas DESIGN DE UNHAS. Fala sério...
Continuei a viagem em silêncio, imaginando tornar os nomes de algumas profissões mais glamourosos, ou melhor, metidos a besta, mesmo.
EMPREGADA DOMÉSTICA: COACH DO LAR
FAXINEIRA: LAYOUT CARE
GOVERNANTA: HOUSING CEO
BABÁ: JUNIOR CEO
PORTEIRO: VISITING SELECTION
ZELADOR: VISITING SELECTION DEPUTY
TAXISTA: PERSONAL DRIVER TERAPEUTA
PROSTITUTA: LOVER REPLACEMENT
TRAVESTI: LOVER OPTIONAL CHANGEMENT
FRENTISTA: PERSONAL FUEL CARE
LEÃO DE CHÁCARA: INCONVENIENCE ELIMINATOR
CAIXA DE SUPERMERCADO: FINDING PRICES HELPER
FEIRANTE: COACH DE ALIMENTAÇÃO
FLANELINHA: PERSONAL CAR SECURITY
COBRADOR: BUS COLECTOR
CHAPEIRO: TOAST CARE
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Aliás, minha viagem, que costuma durar 6 horas parando, durou 9. Volta do feriadão. Quanto carro...
Filosofei. A indústria automobilística nunca vendeu tanto carro no Brasil. Milhares são emplacados por dia. Do tiozinho à sobrinha, tá todo mundo de carro novo.
No entanto, o traçado da DUTRA é o mesmo desde a sua inauguração na década de 40. E continuam apenas as duas faixas ligando as duas maiores cidades do País. Concluí. Não cabe.
Se cada carro sai da loja pagando dezenas de impostos, e o comprador paga anualmente IPVA, esse dinheiro deveria servir para garantir que o mesmo circule por aí. Se não, é melhor parar de fabricá-los, não?
Isso sim é logística.
Bem, paulistas têm as estradas estaduais. Podemos deixar a DUTRA em Taubaté e voltar pela CARVALHO PINTO, estrada moderna, segura, bonitona, astral...
Que só tem UM posto de gasolina em todo o seu traçado. UM. Com um FRANGO ASSADO meia boca.
Outro posto? Só na TRABALHADORES, chegando em São Paulo.
Bem... Ontem, fim da tarde, conta aí: 30 minutos a fila do banheiro feminino.
Entrar para comer um franguinho com polenta? Esquece. A farofa se esparramava pelos acostamentos.
Vem cá? Tá difícil a licitação para a construção de mais postos? Ou é pra ferrar com a gente, mesmo?