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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Apavora, mas não assusta

Falei uma besteira aqui dias atrás.

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Atualização:

São Paulo está cheia de blocos de carnaval. Só na Vila Madalena, neste fim de semana, saíram 4. Um deles com o sugestivo nome NU INTERESSA.

Os ACADÊMICOS DO BAIXO AUGUSTA, fundado há 1 mês, arrastou milhares de pessoas pela Bela Cintra e Rua Augusta no domingo.

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O clima estava ótimo. Muitos conhecidos, muitos foliões casuais, gente da "comunidade" [adoro esta palavra, que sempre reaparece em carnavais].

E, como diz o refrão do samba, apavoramos, mas não assustamos.

A banda tocava clássicos: só marchinhas. Nada de axé! E eu, de porta-estandarte, portei o estandarte como um profissional, com a responsabilidade de dar o andamento do bloco: parar quando se adiantava, correr quando as pessoas se espremiam.

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De olho no céu, na chuva que se anunciava, recebendo ordens da diretoria, do DSV, de aspones e alguns folgados.

A chuva não veio. E, como dizem todos que desfilam, passou tão rápido...

Claro. Me embebedaram rapidinho. Eu tinha de corresponder e agradar a folia e experimentar todas as latinhas e garrafas que me ofereciam. Como um ritual de batismo.

Não, os Avatares não apareceram. Não tinha uma árvore para eles dançarem em torno.

Mas ainda quero ver aquele bloco que só toca rock. Deveria sair na Pompéia, bairro de tradição, cuja "comunidade" ama o gênero. Nada contra as marchinhas, que nos remetem à infância e são cantadas há quase 1 século.

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Detalhe. Perdi a chave do carro na Bela Cintra [desconfiei], o que só descobri horas depois.

Fiz o percurso contrário do bloco de olho nas sarjetas e no asfalto. E a encontrei solitária, amassada, ainda na concentração, no meio da rua. Passou um bloco por cima e muitos carros, mas ela ficou ali, me esperando. Provado: era um bloco light, não assustava ninguém.

+++

E diretamente da Salvador, onde paradoxalmente se encontra a maior comunidade contra o axé deste País, ROBÉRIO, baiano, baixista do CAMISA DE VÊNUS, que voltou e tocou na cidade, começa a campanha:

Tô dentro.

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Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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