The Deuce entrou na lista das dez melhores séries de TV da revista Rolling Stones em 2017.
Sofreu percalços, pois seu protagonista, James Franco, chegou a cruzar a linha de tiro do Me Too, acusado de assediar alunas de teatro.
O tema (logline) é pesado: prostitutas de Nova York entram no mercado de vídeo pornô na era do ouro da indústria.
Mas é da HBO, aquela que não submete seus roteiristas a nenhum filtro moral; ao contrário, os incentiva.
A cidade vive um período de enorme decadência. Drogas rolam soltas. A cocaína domina as rodas. Gangues atacam turistas. A polícia está atolada na corrupção. E o bairro ao redor da Times Square, The Deuce, antigo ponto nobre de NY, torna-se o paraíso de onanistas e prostituição no final da década de 1970.
A série atravessou bem duas temporadas e parecia fadada ao engavetamento.
Até a mente brilhante da dupla David Simon (The Wire, Treme) e Pelecanos, seus criadores, adiantarem alguns anos e tirarem um coelho da cartola: a chegada da misteriosa epidemia de um vírus que matava, transmitido sexualmente, pelo sangue, por seringa.
A série pulou a terceira temporada para 1984-85.
Tensão nas ruas, em saunas, prostíbulos, bares e boates gays.
Começaram a aparecer manchas na pele das pessoas e doenças oportunistas.
Amigos com olhar moribundo, pálidos, andavam sem rumo.
Era o HIV, recém-descoberto e isolado pelo Instituto Pasteur, agindo para acabar com o sonho interrompido na contracultura: o do enterro de convenções sexuais.
Agora o sonho acabava de vez, e uma onda conservadora e fundamentalista varreu os países.
Por outro lado, o movimento pelos direitos civis ganhou um aliado forte: LGBTs.
A terceira e já anunciada última temporada estreou sábado.
E promete.