HBO colocou no ar duas séries premium (de orçamento alto) simultaneamente: a terceira temporada de Westworld e The Plot Against America.
A primeira tem um roteiro tosquíssimo. A segunda é absolutamente genial.
A primeira é escrita por um time enorme, inexperiente, cujo showrunner, J. J. Abrams, fez filmes de ação, com boa bilheteria, mas intelectualmente limitados.
A segunda é de David Simon, no time dos quatro maiores showrunners da TV mundial, que a mudaram para sempre e deram na Terceira Era de Ouro (com David Chase, de Sopranos, Mattew Weiner, de Mad Men, e Vince Gilligan, de Breaking Bad e Better Call Saul).
Simon é o autor da histórica The Wire. Dos quatro, é o mais inquieto e atuante. Emplacou ainda Generation Kill, Treme, Show me a Hero e The Deuce, todas da HBO, todas geniais.
Com o parceiro Ed Burns, adaptou o atualíssimo livro de Philip Roth, sobre a possibilidade dos EUA entrarem numa era de autoritarismo, com inspirações fascistas.
Segue a linha do "se", criada por Philip Dick em O Homem do Castelo Alto: e se os americanos tivessem eleito em 1940 o antissemita Lindbergh, o herói aviador e antipolítico, ao invés de Roosevelt, e aderido a Hitler?
No país da liberdade, entra uma retórica autoritária de intolerância e ódio, antissemita, racista. Como aliás temos visto por aí.
Qual o problema de Westworld? A primeira temporada prometia. A premissa era genial: um parque temático em que humanos realizam fantasias das mais controversas no Velho Oeste americano lutando contra androides.
Os roteiros eram bons, a maioria da dupla Lisa Joy & Jonathan Nolan, a série suscitava discussões filosóficas, nos fazia pensar, imaginar, repensar.
Na segunda temporada começou a afundar. O que era boa ideia, virou um massacre sem sentido.
Agora, na terceira, saiu o parque e entrou uma Los Angeles futuristas muito bem retratada. E a vingança de uma androide.
Porém, já não se sabe mais quem é robô ou não, quem é humano ou holograma, o que verdadeiro ou falso. Uma quantidade enorme de frases feitas poluí o belo cenário. Tramas vazias, personagens sem camadas complementam a pobreza dos conflitos.
Bem, já não tinha ganho um prêmio de roteiro nas temporadas anteriores.
Por que, apesar do orçamento milionário, não contrataram bons roteiristas?!
Como escritor, me revolto!