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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|A série da diversidade

Atualização:
13 REASONS WHY Foto: Estadão

 

13 Reasons Why é a nova sensação do Netflix [com a Paramount].

E existem muitas razões para.

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Trata-se de uma história com a qual muitos se identificam, bullying sofrido no colegial, quando a vida sexual de adolescentes desabrocha e as humilhações inconsequentes podem até levar ao suicídio.

Mas um detalhe da série chama a atenção.

A diversidade é tratada nas entrelinhas sem nenhuma dramatização nem interferência nos conflitos. As pessoas são e pronto. Debruçar sobre o tema é passado.

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Parte dos alunos é homossexual assumida, na boa, não se fala nisso e ninguém sofre preconceito por ser.

Um deles, Tony Padilla [Christian Navarro], o latino da turma, tem um namorado fixo, quebrando o rótulo de latino-machão.

Uma oriental é filha adotiva de um casal gay homem. Fato tratado com naturalidade, que nem entra no conflito.

Aliás, a menina também é gay, assim como outros dois personagens.

Garotos brancos namoram garotas negras.

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Garotos bissexuais trocam de namorado.

Casais inter-raciais vivem numa boa e não despertam atenção.

E a protagonista, Hanna Baker [Katherine Langford], tem um corpo fora do padrão atrizes jovens preferido por Hollywood.

Não se fala em racismo, homofobia, misoginia, xenofobia.

O tema é outro: a solidão humana, a sensação de não se encaixar, de ser incompreendido, de não conseguir expor o que sente.

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A série é feita malandramente para viciar.

No piloto, e isso não é spoiler, porque está no primeiro bloco, sabemos que Hanna cometeu suicídio e deixou fitas para serem entregues a determinados amigos, explicando as razões do suicídio.

Cada fita é dedicada e um personagem.

A melhor, sempre dizem, vem no final.

Truque "baixo" para nos prender.

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A décima-terceira razão não é uma fita, torna-se: a razão definitiva

Que inspire à teledramaturgia brasileira, engessada pelo conservadorismo do seu cliente.

E que o 'beijo gay' deixe de ser a estrela de uma trama.

Detalhe: o CVV (Centro de Valorização da Vida), cujo contato aparece no site oficial da série, anunciou que dobrou o número de consultas por e-mail; em metade deles, a série é citada.

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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