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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|A mulher mala do comercial de cerveja

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Atualização:
ZÉ EDUARDO SONHANDO Foto: Estadão

 

A mulher mala do marido otário.

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Comerciais de cerveja não precisam tratar mulheres como um estorvo, um estraga-prazeres.

Tudo bem, comerciais de cerveja não são parâmetros para se entender os novos tempos, nem a revolução sexual.

A Budweiser, patrocinadora da NFL lá, e a Heineken, da Liga dos Campeões, fazem comerciais que não se apoiam no clichê "minha mulher mala não me deixa ser feliz e beber com meus amigos, xavecar no bar as gostosas ao redor."

Mas no Brasil geralmente é este o script da maioria dos comerciais de cerveja.

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Como a série VERÃO, da Itaipava, em que um sujeito numa praia recebe a massagem de uma gostosa, Vera, e a esposa vem atrapalhar.

Mas a campeã do mau gosto é a Conti Bier, pielsen do interior de SP, que passou a temporada da NFL transmitida no Brasil relatando o sonho do Zé Eduardo, cheio de gostosas ao redor, interrompido pela mulher mala e burra.

No ano passado, a Conti Bier tinha outra versão de outro Zé Eduardo com outra mulher mala e burra, que não percebe que na verdade ele não está num bar cercado de gostosas, mas num estúdio fazendo um comercial da "cerveja para quem gosta de cerveja". E tinha a de um coitado que apareceu com um rapaz numa festa, e os amigos ficaram indignados.

É uma opção de marketing, e ninguém tem nada com isso.

Os fabricantes não perceberam que tem marido que gosta de levar a mulher pro bar.

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Os fabricantes não perceberam que tem marido que vai beber não pra xavecar.

Os fabricantes não perceberam que mulher também gosta de cerveja, gosta de bar, de boemia e de ser bem tratada.

E se sabe que o marido tá num bar xavecando umas gostosas, parte pra outra.

Sai fora. Sai com outros e amigas, para tomar breja.

Ou Aperol.

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Enquanto isso, uma pesquisa do Wall Street Jornal elegeu o melhor comercial do último Super Bowl, que passou domingo.

Adivinha? É da Bud. E não tem mulher.

 

Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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