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Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|A morte de Tancredo nos cinemas

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Atualização:

Sérgio Rezende é o diretor dos filmes de personagens de grandes conflitos, polêmicos e cortes históricos: Barão de Mauá (Mauá - O Imperador e o Rei), Antônio Conselheiro (Guerra de Canudos), Tenório Cavalcanti (O Homem da Caça Preta), Lamarca e Zuzu Angel.

Começou filmando um curta sobre Leila Diniz, Leila Para Sempre Diniz.

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Produzido pela mulher, Mariza Leão, é o realizador ideal para retratar um dos momentos históricos mais dramáticos que vivemos e acompanhamos com os olhos grudados na televisão e o coração na boca: a morte de Tancredo Neves em 1985.

Tudo parecia inacreditável.

Depois de 21 anos de ditadura, o civil que recolocaria o Brasil nos trilhos da democracia, resultado de uma mobilização imensa que tomou o país, as Diretas Já, é internado com dores abdominais e operado antes da posse.

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Boatos diziam que ele levara um tiro. O vice, José Sarney, toma posse improvisadamente, inesperadamente.

O medo é que os militares retomassem o poder.

O país fica abismado e desconfiado. O impossível está para acontecer. Tancredo, que rodou sem parecer doente o país em comícios, só piora, sofre outras cirurgias. E morre no Dia de Tiradentes.

Seu enterro para a Nação. Seu caixão é acompanhado por uma multidão pelas ruas de São Paulo até o aeroporto.

O Brasil chora.

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O filme O Paciente - O Caso Tancredo Neves revive estes dias.

É baseado no livro de Luis Mir, que teve acesso a documentos do Hospital de Base de Brasília e do Instituto do Coração, em São Paulo, onde Tancredo Neves esteve.

O erro precipitado de diagnóstico de apendicite aguda levou a equipe médica de Brasília a realizar, desnecessariamente, uma cirurgia de emergência num homem de mais de 70 anos, cujo estado só agravou, até o óbito por falência múltipla de órgãos.

Com Othon Bastos como Tancredo, o novo filme de Sérgio Rezende estreia no dia 13 de setembro.

Tem seu trailer oficial divulgado hoje.

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Seguindo um tom de thriller, revela detalhes que envolveram a misteriosa morte de Tancredo, especialmente o conflito entre seus médicos, vividos por Paulo Betti (Valter Pinotti), Otavio Muller (Dr. Renault Mattos Ribeiro) e Leonardo Medeiros (Dr. Francisco Pinheiro Rocha).

Emilio Dantas faz Antônio Britto, jornalista que se tornou secretário de imprensa e assessor de Tancredo e, no auditório lotado do Centro de Convenção Rebouças, passava os boletins médicos diários do paciente transmitidos ao vivo pela TV.

Até o dramático anúncio do fim.

Talvez a morte de Tancredo tenha até unido mais o país.

Ou talvez tenha deixado a transição democrática inconclusa.

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Não era para acontecer.

Só no Brasil, mesmo...

 Foto: Estadão
Opinião por Marcelo Rubens Paiva
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