Marcelo Rubens Paiva
29 de junho de 2017 | 11h34
Era uma figura secundária no cenário político brasileiro?
Não. Era o homem do PMDB no Poder.
Tomou posse para constitucionalmente desviar da rota o navio à deriva que ameaçava se espatifar e afundar. Criou o programa Ponte para o Futuro. Colocou o mercado no comando da economia. Que propôs o que manda a cartilha:
Porém, a Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República davam pistas de que seu partido estava tão atolado na mega corrupção quanto os ex-governantes. E que, por extensão, a oposição, o PSDB, também tinha uma extensa ficha corrida.
Que um independente MFP, sob a liderança de Rodrigo Janot, estava em seus calcanhares.
Com esperteza, Temer soube jogar com o tempo.
Tinha caneta e poder para interferir em nomeações no TSE, STF e PGR.
E um aliado de peso, o ministro Gilmar Mendes.
Indicou dois aliados ao TSE, que o livrariam de uma condenação por crime eleitoral.
Enxugou em 44% o orçamento da indomável Polícia Federal.
Indicou um aliado ao STF.
E, agora, uma aliada à chefia do MFP, a procuradora-geral Raquel Dodge.
Com seu partido em xeque, cercado por assessores delatados, continua com apoio do Congresso.
E com o líder da oposição, Aécio Neves, cercado, conseguiu que o PSDB não desembarcasse do seu governo.
A Fiesp, do velho aliado pemedebista Paulo Skaf, também delatado, afirma que não fará nada que ameace seu poder.
O mercado só quer uma coisa: reformas e voltar a crescer.
A missão de Temer mudou. É agora salvar a própria classe política. Tirar do pescoço a corda que enforcaria a elite dirigente.
E daí que mentiu ao dizer que não viajou no jatinho do corruptor, que se encontrou no porão do palácio com o “bandido” apenas por educação, que a fita gravada não diz o que disse, que não tinha relações com seu assessor flagrado correndo com uma mala de dinheiro com bafo de pizza?
E daí que passa vergonha pelo mundo e se acovarda ao não ir à reunião do G20?
Tem a política brasileira refém.
Tem a caneta que livrará parde dela da cadeia.
Enquanto as ruas continuam estranhamente transitáveis, e as panelas nos armários.
Já não duvido que irá até o fim do mandato sem afundar.
A missão salvar a economia foi a deixa para salvar as organizações partidárias.
O presidente Michel Temer se reuniu nesta terça-feira (27) à noite, fora da agenda oficial, com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também participaram do encontro os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Procurado, o Palácio do Planalto confirmou o encontro e disse que eles trataram de reforma política. “