Os amigos sugerem que adotem um filho.
Outros, que usem a rede organizada até em aplicativos de barriga de aluguel.
Muitas questões morais se levantam. A ansiedade só piora. Rachel, num desabafo, culpa as feministas Gloria Steinem e Betty Friedan, que foram interpretadas como um incentivo para as mulheres sacrificarem a maternidade em prol do trabalho.
Claro que é uma ironia. O filme é comédia.
Em 1978, a medicina reprodutiva não sabia que estaria conectada com o ativismo das mulheres e o feminismo. Lembra-se do Bebê de Proveta?
O nome é péssimo. Mas foi a técnica criada no Reino Unido que revolucionou a fertilização e proporcionou a casais com problemas de viver o sonho de terem filhos, e às mulheres focadas na carreira a chance de adiar ao máximo a reprodução.
O procedimento do FIV popularizou-se hoje em diz, existem técnica diferentes, mas de uma coisa não se libertou, do quanto uma mulher sofre para fazê-lo.
No caso do homem com alterações no sêmen, baixa concentração de espermatozoides bons, como eles falam, ou para reverter uma vasectomia, basta coletá-lo.
Já a mulher toma doses cavalares de hormônio FSH, que quase sempre alteram o seu humor, em injeções diárias na barriga.
Semanalmente, é preciso ir na clínica, fazer exames de sangue e imagem.
Então, estimula-se a mulher a produzir o maior número de óvulos. Assim que se dá o crescimento folicular, mais hormônio é injetado, HCG.
Os óvulos são coletados numa punção, num procedimento doloroso em que se dá uma anestesia geral.
Os óvulos são examinados e selecionados. No mesmo dia, o homem colhe o esperma, que também são selecionados, para que seja feita a fecundação.
Em alguns casos, óvulos fecundados voltam para a mulher. Em outros, espera-se um mês, e selecionam os mais saudáveis. Que serão implantados de volta, com a divisão celular em andamento.
Mais medicamento e repouso se sucedem. Com a chance de 25% de dar certo. Óvulos fecundados podem ficar guardados na clínica para um mês depois voltarem a ser injetados, se preciso.
Tem que arrumar tempo, preparar o bolso e a cabeça para partir para o projeto.
O filme sensível e inteligente é uma cometida dirigida por Tamara Jenkins, autora e diretora de filmes cults, como O Outro Lado de Beverely Hills e o indicado ao Oscar A Família Savage, com o maravilhoso Seymor Hoffman.
Descobrimos que Richard e Rachel, dois entusiastas do teatro, que foram atores, autores e produtores de um teatro alternativo (de vanguarda) em Nova York- ele agora trabalha em outra área-, decidem que chegou a hora.
Vale a pena o sacrifício?
O filme vale. A aprovação no site Rotten Tomatoes é alta: 93%.