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Opinião|Yves Montand e a capa do Libération

A capa inesquecível do jornal francês Libération por ocasião da morte do cantor e ator Yves Montand

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:



 Foto: Estadão

 

Durante o almoço, Rô e eu ouvíamos Yves Montand. Temos grande admiração pelo chansonnier e pelo grande ator.

Como esquecer do intérprete de Les Feuilles Mortes e do ator de Z, de Costa-Gavras?

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Contei a Rô uma história.

Ocorreu de, por algum motivo, eu estar em Paris no dia em que Yves Montand morreu. Foi uma comoção nacional. O assunto não saía das rádios e TVs. Se bem me lembro, mandei uma matéria para o jornal falando da emoção da despedida do "garçon de Paris", como o chamavam.

Mas, enfim, a lembrança mais nítida era da capa do Libération, uma foto de alto a baixo de Montand jovem, vestido de negro, e apenas a inscrição, abaixo, do seu nome civil Ivo Livi (ele era italiano de origem), com as datas de nascimento e morte.

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Dei uma pesquisada na internet e encontrei a capa, tal como eu a descrevera. Lembro que comprei um exemplar do Libé e trouxe ao Brasil para mostrar ao pessoal do Caderno 2, então editado pelo grande José Onofre. O jornal passou de mão e mão e a turma da diagramação o lambeu, como se fosse cria da casa. Uma obra-prima gráfica.

Fiquei pensando na força desta imagem, que não me sai da cabeça passados quase 30 anos. Como um trabalho bem-feito, realizado com inspiração e amor faz toda a diferença entre o que fica e o que está condenado ao desaparecimento rápido.

É algo para lembrar no nosso dia a dia, às vezes tão apressado, desleixado e conformado com o efêmero.

O que deixaremos na memória dos outros?

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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