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Opinião|Wajda (1926-2016)

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 Foto: Estadão

Morreu Andrzej Wajda, aos 90 anos. Quem seria o maior diretor polonês de todos os tempos? Polanski, Kieslowski, Zanussi? Para muita gente, não há dúvida: Wajda não tem rival. É o maior representante da "escola polonesa", mesmo porque começou a brilhar já nos anos 1950, com Kanal (1956) e Cinzas e Diamantes (1958). O mundo o conheceu pelo sucesso feito em Cannes na sequência de perseguição dos partisans pelos alemães nos esgotos de Varsóvia, mostrado em Kanal.

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De carreira eminentemente política, Wajda se tornou cineasta obrigatório na leitura da passagem dos anos 1970 e 1980 com filmes como Homem de Mármore (1977) e Homem de Ferro (1981), num momento em que a Polônia caminha para a abertura através do Sindicato Solidariedade. Na verdade, tudo se movia no mundo, preparando-o para o grande desfecho da Guerra Fria, em 1989, com a Queda do Muro em Berlim. Wajda já antevia esse abalo sísmico.

Em Danton (1983), por exemplo, ele reflete sobre a política então contemporânea, tomando como exemplo um expoente do passado, da Revolução Francesa, Danton (Gérard Depardieu), que acabou executado. Seria um caso ideal daquele mote que diz que "as revoluções devoram seus filhos". Vai no mesmo sentido ao filmar Os Possessos (1988), adaptado da obra de Dostoievski. Em Katyn (2007), sua obra recente mais controversa, resgata o episódio do massacre de poloneses pelo Exército Vermelho durante a 2ª Guerra Mundial. Walesa, apresentado no Festival de Veneza de 2012, revela uma visão um tanto idealizada do líder do Solidariedade, Lech Walesa.

Wajda seria e continua a ser um dos homenageados na Mostra de Cinema de São Paulo, que começa dia 20. O Prêmio Humanidade, que deveria receber, será póstumo, infelizmente. Mas 17 dos seus filmes serão exibidos ao longo da Mostra: As Senhoritas de Wilko, Cinzas, Cinzas e Diamantes, Danton - o Processo da Revolução, Geração, Kanal, Os Inocentes Charmosos, Tudo à Venda, Paisagem Após a Batalha, O Casamento, Terra Pormetida, O Homem de Mármore, Sem Anestesia, O Homem de Ferro, Os Possessos, Walesa e Wróblewski Segundo Wajda - seu último trabalho.

Conhecer ou rever esses filmes será a melhor maneira de prestar homenagem a esse grande diretor.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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