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Cinema, cultura & afins

Opinião|Wadjda, ou a opressão sobre as mulheres *

Filmes como Wadjda cercam-se de um interesse prévio, que vai além do campo cinematográfico. Primeiro filme realizado por uma diretora saudita, é, já pela simples existência, um pequeno ato de insurreição. A surpresa é que Wadjda se sustenta mesmo sem essas benéficas circunstâncias exteriores. É um trabalho simples, porém preciso, sobre a opressão das mulheres na sociedade islâmica. Não necessita de favor nenhum para ser julgado bom filme.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Wadjda é o nome da garota, vivida por Waad Mohammed), que, como qualquer adolescente, tem seus gostos e rebeldias. Mas o que pensa e o que deseja ser entram em confronto com as limitações de uma sociedade fechada. O interessante, aqui, é que não se trata da ótica preconceituosa ou etnocêntrica de alguma artista ocidental, mas da visão interna da diretora Haifaa Al Mansour. Ela sabe do que fala.

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E, dessa forma, transmite verdade à história da menina que apenas deseja uma bicicleta e vê em sua mãe um protótipo da posição subalterna reservada às mulheres. Haifaa trabalha assim com duas gerações e seus problemas interligados. Não deixa de notar que a opressão ao gênero feminino é algo tão culturalmente enraizado que, numa sociedade machista, muitas vezes são as próprias mulheres as mantenedoras desse status quo desfavorável. Simples, o filme não passa por cima desta complexidade.

* Apesar da assinatura que saiu na edição impressa não ser a minha, estas mal traçadas são de autoria e responsabilidade deste que vos escreve

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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