PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|W., a psicanálise limitada do dr. Stone

Que os dois governos Bush foram um desastre é quase consenso universal. O "quase" é de rigor, pois, afinal, Júnior deve ter quem o admire ainda hoje; ele próprio, parte da família e, talvez, os mais radicais da direita norte-americana. A contabilidade do resto da humanidade se baseia em pequenos fatos como uma política externa unilateral e belicosa levada ao extremo, o desrespeito a instituições como a ONU, o envolvimento do país em guerras sem-fim, para não falar de uma crise sem precedentes na economia contemporânea.

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Bem, o que fazer com tal personagem? É o que deve ter-se perguntado o diretor Oliver Stone quando se propôs traçar seu perfil. Mostrá-lo como vilão seria útil como chutar cachorro morto. Inocentá-lo, impossível. Matizar seus atos, complicado. Tentar entendê-lo e mostrar como a cultura norte-americana, texana, em particular, é capaz de gerar semelhante político seria uma possibilidade. Interpretado por Josh Brolin, o jovem Bush é mostrado como inconsequente, ignorante, grosseiro, beberrão e muito preocupado em impressionar o pai.

PUBLICIDADE

O retrato é próximo da caricatura, embora a natureza do biografado não favoreça nuances. Mas pode-se objetar que Stone, diretor em geral tão político, tenha carregado na psicologia e se esquecido justamente... da política. Afinal, Bush seria uma pessoa como tantas outras, não fosse o fato de ter sido eleito governador do Texas e presidente por duas vezes. Algo deve ter sensibilizado o eleitorado para votar em massa em semelhante personagem. Mas examinar esse enigma teria exigido ampliar a "psicanálise" do doutor Oliver e incluir a patologia geral da América na análise do caso Bush.

(Caderno 2,24/4/09)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.