Veneza, sob a batuta de Marco Müller, acende uma vela para os asiáticos (o diretor do festival é especialista em China) e outra para os americanos, que garantem astros e estrelas na passarela. Enquanto isso, a América Latina é esquecida e a produção local se faz representar por concorrentes pífios. Os grandes - Bellocchio entre eles - estão relegados ao segundo plano. E já perceberam.
Tanto assim que filmes excepcionais como Vincere, de Bellocchio, Gomorra, de Garrone, ou Il Divo, de Paulo Sorrentino, foram apresentados no arquirrival de Veneza, o Festival de Cannes. A revista Cahiers du Cinéma considerou Vincere um dos melhores filmes do ano. Também está no festival francês a nova produção de outro dos ícones da Bota, Nanni Moretti. São os franceses que reconhecem o cinema italiano no que ele ainda tem de grande. Aos 70 anos, Bellocchio é um dos maiores cineastas em atividade no mundo. Mas na Itália, como em outros países, santo de casa não faz milagre.
Enquanto isso, Veneza agoniza sob o peso de suas idiossincrasias. O Leão especial seria uma espécie de autocrítica dos organizadores? Parece que sim. Mas isso eles não admitirão jamais.