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Opinião|Dindi e Sábado à Noite vencem em Tiradentes

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Meu Nome É Dindi, de Bruno Safadi, e Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo, foram os vencedores do Festival de Tiradentes. Os filmes integram a Mostra Aurora, composta por iniciantes em longa-metragem. O primeiro foi eleito pelo Júri de Críticos, uma das novidades desta edição do festival. O segundo, foi escolhido pelo 'júri jovem', a outra inovação da mostra mineira, formado por integrantes de uma oficina de crítica cinematográfica ministrada pelo crítico Cléber Eduardo.

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Os dois júris, além de elegerem os filmes vencedores, escolheram também 'destaques' da mostra. Para o júri de críticos, foi o trabalho de Petrus Cariry (diretor) e Ivo Lopes Araújo (fotógrafo) em O Grão. Para o júri jovem, o plano-seqüência de Ainda Orangotangos.

Já o júri popular, que até esta edição era o único responsável pela avaliação em Tiradentes, escolheu como melhor vídeo A Hora do Primeiro Tiro, de Gustavo Jardim (MG); melhor curta, Câmara Viajante, de Joe Pimentel (CE); e melhor longa-metragem, O Senhor do Castelo, do paraibano Marcus Vilar.

A mostra Aurora foi de muito bom nível. A seleção composta por Ainda Orangotangos (Gustavo Spolidoro, RS), Crítico (Kléber Mendonça Filho, PE), Sábado à Noite (Ivo Lopes Araújo), O Grão (Petrus Cariry, CE), Corpo (Rubens Rewald e Rossana Foglia), Amigos de Risco (Daniel Bandeira, PE) e Meu Nome É Dindi, de Bruno Safadi (RJ) revela realizadores em início de carreira criativos e preocupados com as questões da linguagem cinematográfica, buscando meios originais para representar suas idéias.

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O vencedor Meu Nome É Dindi trabalha numa linha que, resumida, poderia parecer até melodramática, mas que, na tela, progride de surpresa em surpresa. A protagonista (vivida por Djin Sganzerla) é dona de uma mercearia antiga, às portas da falência pela concorrência de um supermercado ao lado. O começo muito bonito, num longo plano-sequência de cinco minutos, logo é contrastado pela presença um tanto expressionista de um dos credores de Dindi (Carlo Mossy). O filme prossegue numa linha de estranhamento progressiva com Dindi boiando entre a memória e o presente, a fantasia e a realidade. Em sua construção cinematográfica muito inventiva, Safadi mostra como é possível conciliar o rigor conceitual com o calor da emoção. Trata-se de um filme fora do comum, e isso é um elogio.

Os outros concorrentes são igualmente interessantes. A rarefação de Sábado à Noite, as surpresas que transformam o plano-seqüência de Ainda Orangotangos numa montanha-russa, as falas de jornalistas e realizadores alternadas com imagens de filmes em Crítico, os tempos lentos e expressivos de O Grão, o sentido de mistério em Corpo, o ritmo da esticada noturna de Amigos de Risco - são aspectos que levam a crer numa renovação de qualidade para o cinema brasileiro.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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