Luiz Zanin Oricchio
13 de junho de 2013 | 09h49
Como disse, o tempo foi curto, fato agravado por um bate-volta a Porto Alegre, onde participei de uma mesa com Eduardo Escorel e Jorge Furtado sobre os atuais impasses do cinema brasileiro. Bate-volta que custou muitas horas de espera nos aeroportos, tanto de Curitiba como de Porto por causa do nevoeiro. Um pesadelo, com gente sentada e deitada pelo chão, esperando a abertura dos voos.
Enfim, com tudo isso contra, ainda assim, consegui ver quase 20 longas-metragens, com excelente média de aproveitamento, na minha maneira de sentir. Hoje, participo de um debate sobre a crítica com Fábio Andrade, da Cinética, e o jornalista de Curitiba Paulo Camargo e, em seguida, volto a São Paulo. Depois falo desse debate.
Quanto aos filmes. Primeiro, o destaque a um dos recortes do festival, o Foco Alemanha. Vários filmes jamais vistos, antigos e contemporâneos, alguns maravilhosos. Como Gente de Domingo, de Robert Siodmak, Edgard G. Ulmer e roteiro de Billy Wilder. Sim, este filme feito pelos cobras acima nomeados, antes que eles se mudassem para os Estados Unidos com a ascensão do nazismo e se tornassem nomes universais. O filme é de 1929 e mostra as pessoas despreocupadas, gozando seu dia livre. Tem um frescor incrível.
Assim como Nascidos em 45, de Jurgen Botticher, de 1966, que foi proibido na Alemanha socialista e apenas finalizado nos anos 90. Parece, pela leveza, um filme saído diretamente da nouvelle vague francesa.
Dos alemães contemporâneos, o bastante bom Fantasmas, de Christian Petzold, e o ótimo The Drifters (Eine Flexible Frau), de Tatjana Turaskyj. No primeiro a garota de rua, Toni, que parece ter encontrado a mãe, da qual foi separada aos três anos de idade. No segundo, uma arquiteta de 40 anos, desprezada por ex-marido e pelo filho ao perder o emprego. Uma odisseia pelos meandros kafkianos da sociedade capitalista, e isto num dos países mais ricos do mundo.
Havia mais: eu gostaria de ter revisto o clássico Berlim: Sinfonia de uma Cidade e Asas do Desejo, de Wim Wenders, mas não tive tempo. Aliás, Berlim era o eixo condutor do Foco Alemanha – como a cidade foi retratada pelo cinema através das décadas. Impressionou-nos também, a Rô e a mim, a seriedade com que cada filme era precedido por uma mini palestra da curadora Anja Gobel, jovem, séria e culta, como convém a uma alemã. Um exemplo de profissionalismo. Eles têm duas ou três coisinhas a nos ensinar.
No próximo post falo de outros filmes.
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