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Opinião|Tropa de Elite: agora é com vocês

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Atualização:

Os cadernos culturais dão amplas matérias hoje sobre Tropa de Elite, finalmente em cartaz "oficial", já que as cópias piratas proliferam por aí. O filme já foi discutido em minúcia e continuará a sê-lo por algum tempo.

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Ontem no Espaço Unibanco houve debate com o diretor e outras pessoas ligadas ao filme. Não consegui chegar a tempo pois estava ocupado aqui no jornal. Mas fui lá depois e encontrei o pessoal no pós-debate, lá no Frevinho da rua Augusta, onde jantamos e tomamos um vinho. Estavam o diretor José Padilha, o antropólogo Luis Eduardo Soares e o ex-policial do Bope André Batista ( co-autores do livro Elite da Tropa, em que o filme se baseia), além da antropóloga Alba Zaluar.

Soube que o debate, após a exibição do filme, foi quente, animadíssimo. O cinema estava cheio e não apenas de pessoas ligadas ao cinema ou jornalistas especializados. Claro, estes também lá estavam. Mas a maioria era povão, gente comum, curiosos, estudantes. Gente jovem, especialmente.

Um amigo lembrou que não se via uma polêmica tão intensa (e extensa) sobre um filme nacional desde que Os Cafajestes, de Ruy Guerra, no início dos anos 1960, apresentou o primeiro nu frontal (de Norma Bengell) e chegou a ser proibido pela censura. Lembrei de Cidade de Deus, que também polarizou opiniões e gerou uma controvérsia entre críticos até hoje não encerrada. Mas este amigo, com razão, disse que a polêmica de Cidade de Deus não chegou à população comum,o que acontece agora com Tropa de Elite.

Acho que ele está certo. Podemos ver nisso aí méritos do filme, mas também um momento propício, em que a sensação de insegurança bateu no teto, junto com a descrença em soluções convencionais.

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A discussão vai continuar. José Padilha, o diretor, será entrevistado na segunda-feira no Roda Viva da TV Cultura (estarei entre os convidados para o papo com o cineasta). Muitos artigos ainda sairão, discutindo se o filme afinal apenas retrata um quadro real ou se incita a violência, faz a apologia do Estado policial, se é fascista ou de direita.

Mas a palavra, para valer, agora fica com o público. Vamos ver como reage. Estou curioso.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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