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Cinema, cultura & afins

Opinião|Touro de Picasso

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

De Javier Bardem, com quem contracena em Amor nos Tempos do Cólera, Fernanda Montenegro disse que parece um "touro de Picasso" e as mulheres ficam loucas com ele. Bom para Bardem, um típico machão latino, pelo menos na imagem que dele temos nas telas. Começou a aparecer por aqui nos filmes de Bigas Luna, que aproveitam muito bem esta característica do ator, a de exalar testosterona pelos poros. Assim foi na "trilogia testicular" de Bigas - 'Jamón, Jamón' (92), 'Ovos de Ouro' (93) e 'A Teta e a Lua' (94).

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No entanto, o "touro de Picasso" agora vive outros papéis. Em 'Amor nos Tempos do Cólera', de Mike Newell, adaptado de García Márquez, ele faz o apaixonado que espera décadas para poder ficar ao lado da mulher amada. É um tipo romântico, recatado, ainda que, depois de perder tardiamente a virgindade, passe a colecionar amores transitórios enquanto espera pelo definitivo.

Em Sombras de Goya, também em cartaz, ele faz o irmão Lorenzo, inquisidor fanático na Espanha do século 18, que depois se converte às luzes da razão com a chegada da Revolução Francesa. O filme é dirigido por Milos Forman e falado em inglês, como 'Amor nos Tempos do Cólera'.

O personagem de Lorenzo tem um encanto ambíguo, mas o filme é pesado e esta circunstância de produção, a imposição da língua inglesa, não lhe é favorável, como não é em 'Amor nos Tempos do Cólera'. Mas sobra Bardem.

(Guia do Caderno 2, 4/1/08)

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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