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Opinião|Rudá de Andrade (1930-2009)

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Acabei de saber da morte de Rudá de Andrade, amigo que conheci muitos anos atrás na Jornada de Cinema da Bahia. Aliás, fomos colegas de júri numa das inesquecíveis edições da Jornada, capitaneada desde sempre por Guido Araújo. Havia alguns anos que não o via. Rudá havia se aposentado da Cinemateca Brasileira e se mandado para o interior com sua mulher, Halina. Perdemos contato.

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Rudá era filho de Oswald de Andrade e Pagu, meio irmão do nosso amigo Kiko, filho de Pagu e Geraldo Ferraz. Conheci-o como cineasta, grande conhecedor do cinema brasileiro e internacional, papo ótimo e amigável. Foi diretor da Cinemateca Brasileira e um dos fundadores do curso de Cinema na Escola de Comunicação e Artes da USP. Foi também diretor de vários curtas-metragens como Nitrato, sobre as condições precárias da Cinemateca.

Rudá teve um mau epidódio em sua vida, quando foi preso na França, em 1982, acusado de posse e tráfico de cocaína. Sua prisão foi objeto de um escândalo permanente pois ele sempre negou as acusações. Descreveu seu calvário de 10 meses na Maison d'Arrêt em Cela 3, livro que lhe valeu um prêmio Jabuti em 1983. A obra foi relançada no ano passado. Na época, eu vivia em Paris e soube da sua prisão por uma rádio livre (proliferavam durante o governo Mitterrand) convocando simpatizantes para uma festa de arrecadação de fundos para a defesa de Rudá. Fui a essa festa, mas nessa época eu não o conhecia pessoalmente.Engraçado é que fomos apresentados muitos anos depois, nos tornamos amigos, mas nunca toquei nesse episódio com ele.

Segundo soube, Rudá havia sofrido uma fratura do fêmur em seu sítio. Estava hospitalizado, recuperando-se bem, quando teve um ataque cardíaco. Que pena.

Acrescentado depois: Alerto para um erro cometido neste post: Rudá não dirigiu o curta Nitrato e sim Pagu, sobre sua mãe, Patricia Galvão.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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