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Cinema, cultura & afins

Opinião|Recife 2010 Curtas-metragens: Recife Frio

A seleção de curtas-metragens, digitais e em 35 mm, foi muito boa e diversificada. Revi alguns filmes que já haviam passado em outros festivais, mas a imensa maioria era composta de inéditos, o que é muito bom. Melhor ainda quando se pensa que esses inéditos, em geral, eram de bom nível .

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Recife Frio, de Kléber Mendonça, revisto, reafirma suas qualidades. Kléber, que vai dirigir agora seu primeiro longa, acerta na fórmula de um falso documentário para TV, que noticia uma súbita queda na temperatura média do Recife. O que provoca uma série de mudanças de hábito. Desde a ocupação dos cômodos da casa, com os donos migrando para o quarto da empregada, em geral mais quente e sem ventilação, e as domésticas condenadas a viver nos agora frios dormitórios com vista para o mar. Até a alteração do artesanato nordestino, com suas casinhas agora dotadas de lareiras. O tom é irônico e leva o público ao riso. Mas aquele riso consciente de que muita coisa errada acontece nessa sociedade e numa cidade que, como todas as outras, está sendo depredada pela especulação imobiliária. Kléber filmou no Recife mas em outros lugares do mundo. A colagem de materiais é um recurso interessante do cinema, dependendo da maneira como é montada. Aqui, funcionou perfeitamente.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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