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Opinião|Prêmios Platinos consagram o filme 'A Ausência que Seremos' e a série 'Pátria'

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Atualização:
Javier Cámara em A Ausência que Seremos Foto: Estadão

 

O colombiano "A Ausência Que Seremos", de Fernando Trueba, foi o grande vencedor dos 8º Prêmios Platino do Cinema Ibero-americano, conquistando 5 estatuetas: Melhor Filme de Ficção, Direção (Fernando Trueba), Interpretação Masculina (Javier Cámara), Roteiro (David Trueba) e Direção de Arte (Diego López).

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Colombiano, em termos, claro. De fato, o personagem é desse país, assim como a ambientação. Porém é interpretado pelo espanhol Javier Cámara (todos o conhecemos a partir do seu trabalho com Pedro Almodóvar no magnífico Fale com Ela). Também espanhóis são o diretor Fernando Trueba e o roteirista David Trueba.

A Ausência que Seremos (no original, El Olvido que Seremos) ambienta-se na violência colombiana dos anos 1980 e 1990, com os cartéis da droga espalhando terror entre a população. Nesse quadro, move-se o médico idealista Héctor Abad Gómez, magistralmente interpretado por Câmara. O longa tem feitio clássico, porém o personagem é cativante.

Entre as séries, a mais premiada foi "Pátria", com 4 troféus: Melhor série, Interpretação Feminina (Elena Irureta), Atriz Coadjuvante (Loreto Mauleón) e também a nova categoria criada a partir deste ano, de Melhor Criador de Minisséries (Altor Gabilondo).

Vi apenas o primeiro capítulo da série e achei-o bastante envolvente. Oscila entre dois tempos. No "presente", 2011, quando o grupo separatista basco ETA renuncia ao uso da violência. E, no passado, quando se encontrava em plena atividade. Numa pequena cidade do País Basco, duas mulheres são amigas íntimas. Porém, as famílias seguem caminhos opostos. Uma das mulheres tem o marido, um industrial, assassinado a tiros. A outra vê seus filhos envolverem-se com a luta armada.

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Bem interpretada, com cenas de ação convincentes, a série traz essa questão política de fundo, envolvendo a discussão sobre o uso da violência e a divisão radical na sociedade espanhola da época. Cisão que hoje chamamos de "polarização" e que implica em pontos de vista excludentes, em que cada lado deseja destruir o outro sem possibilidade de qualquer consenso mínimo.

Candela Peña conquistou o Platino de Melhor Interpretação Feminina ("A Boda de Rosa"), e Nathalie Poza, sua companheira de elenco, ficou com o prêmio de Coadjuvante Feminina. Na categoria Coadjuvante Masculino, o vencedor foi Alfredo Castro ("O Príncipe").

O original chileno El Agente Topo (O Agente Secreto) ganhou como melhor documentário, como era esperado.

O ótimo guatemalteco "A Chorona", de Jayro Bustamante, que acaba de estrear no Brasil, levou três prêmios técnicos: Montagem (Gustavo Matheu e Jayro Bustamante), Fotografia (Nicolás Wong) e Edição de Som (Eduardo Cáceres).

A boa notícia é que os principais vencedores se encontram disponíveis nos sistemas de streaming. A Ausência que Seremos está na Netflix. Pátria encontra-se no HBO Max. O Agente Duplo pode ser visto na Globo Play.

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O romance Pátria, no qual a série se baseia, é de autoria de Fernando Aramburu. Best-seller na Espanha, foi editado no Brasil pela Intrínseca.

 

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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