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Opinião|Pensar pequeno para agir grande

No futebol, assim como em algumas outras disciplinas exatas, há um consenso sobre a necessidade de se pensar grande. Quem pensa pequeno, dança. Na vida, no amor, no emprego, até no jogo de biriba é preciso pensar como grande empreendedor. Pois bem, há um time que vem se dando bem exatamente porque pensa pequeno. Vocês já adivinharam que estou falando do Avaí. Ia escrever que o Avaí era a nova "coqueluche" do campeonato, mas pegaria mal usar esse termo para um time que vem, de forma seguida, pregando - e agindo - com a mais absoluta humildade e low profile. .

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Tanto assim que, quando perguntam ao técnico Silas qual é seu objetivo, se ficar entre os primeiros, beliscar uma vaga na Sul-Americana ou até mesmo na Libertadores, ele se limita a responder: "Nosso objetivo é não cair". Ele fez as contas e, baseado nos campeonatos anteriores, definiu certo número de pontos que o garantem livre do rebaixamento. Quando chegar a essa soma, poderá se dedicar a outros sonhos. Por enquanto, não.

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Acontece que, hoje, o Avaí é o quarto colocado. Está na zona de classificação para a Libertadores, o sonho de consumo de todos os clubes grandes do País. Ninguém sabe se vai se manter por lá. Mas já estamos no segundo turno e o time catarinense não chegou até aí por acaso. Tem conseguido resultados incríveis e nós, autocentrados em nossos clubes de larga tradição, não temos prestado a devida atenção ao fenômeno. Quando arrancou um empate contra o Santos na Vila Belmiro, depois de estar perdendo por dois gols de diferença, todo mundo diagnosticou um vacilo do Peixe. Ninguém viu os méritos do Avaí. Mas devemos abrir os olhos para enxergar um time que, sem ser brilhante (e qual dos nossos é?), parece muito bem montado e sabe o que faz e quer dentro de campo. Neste fim de semana, sapecou 3 a 0 sobre o Flamengo na Ressacada e já ninguém parece ter se espantado, a não ser os rubro-negros.

Não sei como acabará o campeonato, ninguém sabe se irão prevalecer os vencedores de sempre. Mas o fato de a hegemonia ser ameaçada por estranhos no ninho não deixa de ser uma novidade e, como tal, estimulante. Há mais um motivo para simpatizar com o Avaí, caso não houvesse outros. É o time do Guga. Existe algum brasileiro que não goste dele?

JUÍZES

Eu sei que pega mal falar de arbitragem, já que meus colegas decretaram que é perda de tempo, inutilidade, contraproducente, falta de assunto, etc. Tá legal, eu aceito o argumento, diria o vascaíno Paulinho da Viola: eles erram para todos os lados, então tudo se compensa no final, pois o campeonato é de pontos corridos, etc... Será que é assim mesmo? Será que é melhor calarmos diante do que aconteceu no Pacaembu em Corinthians 3 x 3 Botafogo, com tantos erros grotescos acumulados? Será que podemos nos conformar com placares sistematicamente alterados pela arbitragem? Será que validar gol de mão, achar pênalti onde não existe e deixar de dar os existentes, atrapalhar-se com a lei de impedimento e otras cositas más, será que nada disso altera o resultado dos jogos? Ou - última pergunta - teremos de admitir que o futebol é mesmo um jogo peculiar, diferente de todos os outros jogos, no qual a arbitragem é parte atuante dos fatores que determinam a vitória, o empate ou a derrota?

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(Boleiros, 25/8/09)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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