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Opinião|Pensar a política em termos adultos

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Como eu acho que discutir política não se resume em contar as reses do Renan, falar da amante do Renan e ficar escandalizado com tudo e com todos, como se fôssemos freiras num bordel, pretendo dar a minha contribuição para a melhoria do nível geral da discussão.

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Ando lendo, e recomendo, um livrinho muito interessante chamado Crítica da Retórica Democrática, do pensador italiano Luciano Canfora, um especialista em filologia grega e romana, além de historiador. Já havia lido dele uma interessantíssima biografia política de Júlio César. Suas obras saem aqui pela Editora Estação Liberdade. No livro, Canfora procura mostrar o vazio do palavrório democrático que sai tanto da boca de nossos políticos, como da de líderes como Bush e Blair.

Há um aspecto particular quando ele discute se existe ainda uma distinção válida entre direita e esquerda nesses tempos pós-utópicos. Cita Norberto Bobbio, que escreveu um outro livrinho, justamente chamado de Direita e Esquerda e que colocava a noção de "igualdade" como terreno de diferenciação entre uma e outra. A esquerda assume a igualdade como valor fundamental e constrói suas estratégias no sentido de torná-la o mais efetiva possível; a direita não. Assim pensava Bobbio.

Citando Alessandro Pizzorno, Canfora acha que se deve avançar nessa distinção, e que a dupla conceitual deva ser composta pelos termos exclusão/inclusão, par que estaria no centro das lutas políticas contemporâneas: "A esquerda, se quer ser tida como tal, inclina-se à inclusão, à aceitação do outro, do diferente, do excluído. A direita, pelo contrário, exclui. E tende a conservar a situação conquistada de bem-estar ou privilégio para as classes e grupos, para as nacionalidades, os países e os cartéis que detém riqueza e privilégios."

Não acham que esses sejam pontos interessantes para pensar a política de maneira mais geral e adulta?

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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