Quando morre o maior ator do país, o que dizer? Apenas isso: vejam-no em seu grande papel no cinema, o político Porfírio Diaz, em Terra em Transe, obra-prima de Glauber Rocha. Há um momento sublime (e terrível, porque as coisas vêm juntas) quando Autran se dirige à câmera (quer dizer, ao espectador) e brada:
"Aprenderão! Aprenderão! Dominarei essa terra! Botarei as nossas históricas tradições em ordem! Pela força! Pelo amor da força! Pela harmonia universal dos infernos, Chegaremos a uma civilização!"
Esse foi o ápice, mas Paulo Autran contabiliza 21 papéis no cinema. Os últimos - o avô do protagonista de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hambúrguer, e um intelectual francês em O Passado, de Hector Babenco, ainda inédito.
Isso sem falar na TV e no teatro, onde fez de Molière a Shakespeare, sem deixar de encenar os autores novos, como nosso amigo Dib Carneiro Neto, de quem protagonizou a peça Adivinhe quem Vem para Rezar.
Paulo Autran foi completo. Complexo. Grande. Só podemos ser gratos por uma vida assim.