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Opinião|Paraíso Tropical

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Nas férias faço coisas que são impensáveis durante o tempo de trabalho, como ver os primeiros capítulos da nova novela da Globo. Acompanhei Paraíso Tropical e encontrei coisas interessantes, e outras nem tanto. Por exemplo, a armação da narrativa, apresentando os personagens aos poucos, me pareceu ágil, envolvente. O desejo de tematizar a realidade brasileira, com seus contrastes sociais, também.

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Assim, vai se falar de prostituição, por exemplo. E, nesse sentido, achei interessante aquela inserção de um bordel em funcionamento num prédio de classe média em Copacabana. A caótica (des) organização urbana brasileira facilita a coexistência de tudo, inclusive de famílias e, bem, profissionais do sexo.

Já o didatismo usado na apresentação do perfil dos personagens não me desce goela abaixo. Por exemplo, o personagem de Wagner Moura, o malvadão da trama, não poderia ser menos caricato em sua ambição? Parece até que o ator está dando uma piscadela para o público: "Tá vendo como eu sou malvado?" O equivalente oposto é o galã Fábio Assunção. Este transborda bondade e compreensão humana, uma jóia sem jaça. Será que o público não teria maturidade para se identificar a personagens um pouco mais complexos?

Certo, eu sei que folhetim é desse jeito mesmo. Ou será que não poderia ser um pouco diferente, com gente um tantinho mais contraditória (quer dizer, normal) e mesmo assim capaz seduzir o distinto público e cumprir sua tarefa, que é dar ibope? Afinal, há folhetins e folhetins, não é?

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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