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Cinema, cultura & afins

Opinião|Os perdedores na sociedade competitiva

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Atualização:

O ponto de partida de A Escola de Idiotas, de Todd Philips, deixa o espectador na expectativa: parece uma crítica bem-humorada à obsessão americana pelo sucesso a qualquer custo.

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A história é a de um guarda de trânsito de Nova York, Roger (Jon Heder), que, de tão tímido, mal consegue aplicar uma multa sem ficar intimidado pelos infratores. Pior: é vizinho de uma garota muito bonita, Amanda (Jacinda Barrett), e não é capaz sequer de dar bom-dia à moça sem ficar todo constrangido. Quer dizer, Roger é um loser, um perdedor, sendo este o pior insulto que um americano pode receber em sua sociedade ultracompetitiva.

E, assim sendo, Roger decide gastar suas economias, matricular-se numa escola que cura esse mal, e colocar-se sob as ordens do Dr. T. (Billy Bob Thornton) e seu auxiliar Lesher (Michael Clarke Duncan). Os ensinamentos lembram um pouco os do supervalorizado Clube da Luta, mas em outro registro, o cômico. Como se disse, tudo no começo indica um filme crítico, porém na chave do humor.

Mas não convém ficar muito esperançoso. Depois de um início fraco, compensado por alguns achados interessantes (em especial quando entra em cena o cafajeste Dr. T.), o filme começa a desandar rumo ao lugar-comum. Nota-se que patina justamente por falta de melhor inspiração. Quer dizer, o diretor Todd Phillips, ou o roteirista, sei lá, refletiu bem sobre a situação e bolou um plano geral de obra interessante. O problema é que não consegue ganhar espaço no desenvolvimento. E assim, Escola de Idiotas vai progredindo penosamente, sem passar no único teste válido de uma comédia - a capacidade de provocar risos. Poucas situações são realmente engraçadas, o que é pecado capital para qualquer obra do gênero.

Ficam os achados esparsos, que tornam o filme pelo menos regular. Se dispensarmos o final moralizante e outras fraquezas, ainda dá para curtir alguma coisa.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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