Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|O espírito libertário de François Roustang

 

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

Soube pela colega Sheila Leirner da morte do psicanalista francês François Roustang, aos 93 anos.

PUBLICIDADE

Para ser franco, nem sabia que ele estava vivo. Pertence a um passado longínquo da minha vida, quando eu mexia com (e me mexia no mundo da) psicanálise.

Bem, registro a morte de Roustang pois a leitura de um dos seus livros foi muito liberadora para mim naquela época. Un Destin si Funeste (Um Destino tão Funesto), de 1976, ousava fazer a crítica da psicanálise, em particular da lacaniana, que, na época, já funcionava como uma espécie de Igreja, cheia de dogmas, rituais e não me toques.

O estilo demolidor de Roustang não respeitava as igrejinhas e, ao meu eterno anarquismo de fundo (desde a infância, reconheço), com sua perene desconfiança em relação à autoridade, me parecia muito estimulante.

Não conhecia muito da biografia de Roustang, que Sheila resume um pouco, baseando-se no necrológio escrito por Elizabeth Roudinesco no Le Monde ( http://www.lemonde.fr/disparitions/article/2016/11/28/mort-de-francois-roustang-psychanalyste_5039752_3382.html?xtmc=roustang&xtcr=1)

Publicidade

Enfim, Roustang veio da fé católica, rebelou-se e encontrou a libertação na psicanálise. Quando esta virou uma Igreja, libertou-se dela também. Sem deixar de ser psicanalista, buscou um caminho próprio.

É gente do meu time. Se tiverem oportunidade, leiam. Ele escreve formidavelmente bem.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.