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Opinião|O deslumbrante e poderoso 'King Kong en Asunción' chega aos cinemas

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

 

Depois de vencer o Festival de Gramado de 2020 e dar ao seu protagonista Andrade Júnior o prêmio póstumo de melhor ator, King Kong en Asunción, de Camilo Cavalcante, chega aos cinemas. Com mudanças mínimas, eis o que escrevi sobre o filme na cobertura do Festival de Gramado do ano passado: 

 

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O velho matador de aluguel atravessa o deserto de sal na Bolívia em seu carro. Vai executar seu último serviço, aposentar-se e procurar uma filha que não conhece. Este é o início de King Kong en Asunción, do pernambucano Camilo Cavalcante. O título extravagante só se explica perto do final. O filme é deslumbrante, poderoso e traz a figura do ator brasiliense Andrade Jr. em seu último trabalho - ele morreu em 2019. 

A estrutura desse faroeste metafísico é das mais interessantes. O diretor maneja o tempo das sequências sem qualquer pressa. Algumas cenas são longas, como a própria abertura do filme, e também a demorada conversa do protagonista com o dono de um bar - onde, entre vários tragos e fumaça de charuto, ele recebe uma última encomenda. São tomadas extensas mas não cansam. Pelo contrário. São tão intensas que torcemos para que durem ainda mais. King Kong é um filme de estranhezas e temporalidades. Acompanhamos a trajetória deste personagem, chamado apenas de "O Velho" enquanto ouvimos a narração over de uma entidade - a Morte - falando em guarani.

Busca de redenção familiar depois de uma vida errada? Jornada de purgação espiritual, mesmo que seja pelo excesso? Pode ser tudo isso, ou nada disso. Mas o que explode mesmo na tela é atuação absolutamente incrível deste grande ator, nascido no Ceará e com carreira desenvolvida em Brasília. Uma entrega rara a um personagem. Contracenando com outro grande ator, o paraibano Fernando Teixeira, Andrade atinge sua potência máxima. Um show. 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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