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Opinião|O brasileiro 'Cidades Fantasmas' e o polonês 'Comunhão' vencem o É Tudo Verdade 2017

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Atualização:
Cidades Fantasmas. Epecuén, na Argentina Foto: Estadão

O brasileiro Cidades Fantasmas e o polonês Comunhão foram os dois longas vencedores do É Tudo Verdade 2017. Boas escolhas dos júris.

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No âmbito nacional, o filme do gaúcho Tyrell Spencer era mesmo a escolha mais lógica, numa mostra que não apresentava tantas alternativas assim. Pode-se sentir falta de uma menção ao sensível e inteligente Quem É Primavera Neves, de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado. Mas a premiação do É tudo Verdade é concentrada mesmo e este doc, sobre cidades abandonadas, de fato é muito bom.

Já na parte internacional, Comunhão apresenta a intimidade de uma família difícil (filho autista, pai alcoólatra) e traça um retrato de muita sensibilidade desse quadro. Entendo a escolha do júri. Pessoalmente, preferia o mexicano No Exílio, um Filme de Família, sobre a memória da Guerra Civil Espanhola. Ou Perón, meu Pai e Eu, que mescla lembranças pessoais de um autor em busca do pai com a tragédia política latino-americana. Ou o impressionante Uma Vida Alemã. Enfim, alternativas não faltaram e o júri optou por uma delas.

O É tudo Verdade teve ainda grandes momentos fora de competição, como Dawson City: Frozen Time, sobre um tesouro cinematográfico encontrado sob o gelo no Canadá. 78/52 dedica-se à análise da famosa sequência do assassinato no chuveiro em Psicose, de Alfred Hitchcock.

De maneira muito especial, houve a apresentação de No Intenso Agora, de João Moreira Salles, um filme político, histórico e de memória familiar que, desconfio, será objeto de análises e comentários por muito tempo, dadas sua riqueza e complexidade.

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No aspecto retrospectiva, foi lembrada a obra do cineasta Sérgio Muniz.

E comemorou-se o centenário do grande Jean Rouch com a apresentação de Eu, um Negro e um debate sobre sua obra, tão influente.

Por fim, imperdível foi a original retrospectiva ao cinema soviético, como parte do centenário da Revolução de Outubro. Sob curadoria de Amir Labaki e Luis Felipe Labaki, pai e filho, foram trazidas obras raras dos primeiros tempos do regime soviético, ao lado de filmes mais recentes. Um verdadeiro presente para cinéfilos com apetite para dietas menos convencionais.

Mais uma vez valeu .

Abaixo, segue a premiação completa.

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* CIDADES FANTASMAS vence a Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens

* COMUNHÃO é eleito o melhor longa da Competição Internacional de Longas e Médias-Metragens

* LOS NINOS vence a Competição Latino-Americana

* BOCA DE FOGO e O CUIDADOR são os vencedores de melhor curta, respectivamente, brasileiro e internacional

Principal evento dedicado à cultura do documentário na América Latina, o É Tudo Verdade - 22º Festival Internacional de Documentários divulgou na noite deste sábado, 29 de abril, os vencedores da edição 2017.

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O júri internacional foi formado pelo cineasta Alexandre O. Philippe, a cineasta francesa Anne Georget e a produtora chilena Jennifer Walton. O júri brasileiro contou com a produtora Daniela Capelato, o diretor de fotografia Jacques Cheuiche e o cineasta Joel Zito Araújo.

Pela terceira vez na história do evento, o vencedor da Competição Brasileira de Curtas-Metragens e o da Competição Internacional de Curtas-Metragens estão automaticamente qualificados para exame pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood visando uma vaga na disputa do Oscar de melhor curta documental. O É Tudo Verdade é o primeiro festival sul-americano a merecer este status.

Os premiados oficiais do É Tudo Verdade 2017:

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

Comunhão, de Anna Zamecka

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Melhor Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)

O Cuidador, de Joost Van Der Wiel

Menção Honrosa para Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)

O Show da Guerra, de Andreas Dalsgaard e Obaidah Zytoon

Menção Honrosa para Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)

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Polonesa, de Agnieszka Elbanowska

COMPETIÇÃO BRASILEIRA

Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)

Cidades Fantasmas, de Tyrell Spencer

Melhor Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)

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Boca de Fogo, de Luciano Pérez Fernández

Menção Honrosa para Documentário de Curta-Metragem (Júri Oficial)

Festejo Muito Pessoal, de Carlos Adriano

COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA

Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)

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Los Ninos, de Maite Alberdi

Menção Honrosa para Documentário de Longa ou Média-Metragem (Júri Oficial)

Atentamente, de Camila Rodríguez Triana

PREMIAÇÕES PARALELAS

PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS

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Júri composto por Cid Nader; Edu Fernandes; Luiza Lusvarghi; Barbara Demerov; e Luiza Wolf.

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira

Se Você Contar, de Roberta Fernandes

PRÊMIO ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)

Júri composto por Camila Vieira, Cássio Starling Carlos e Cesar Zamberlan

Melhor Documentário de Longa ou Média-Metragem da Competição Brasileira

A Terceira Margem, de Fabian Remy

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira

Festejo Muito Pessoal, de Carlos Adriano

PRÊMIO MISTIKA

Melhor Documentário de Curta-Metragem da Competição Brasileira

Boca de Fogo, de Luciano Pérez Fernández

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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