PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Cinema, cultura & afins

Opinião|Notre Dame e Aznavour entre as estreias

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Numa semana sem estreias brasileiras nas salas, o cinema francês domina. Entram dois filmes franceses, Notre Dame e Aznavour por Charles, ambos bem legais. 

PUBLICIDADE

A única estreia brasileira se dá no streaming com Ponte de Bambu, documentário que mostra a vida da família do jornalista Jayme Martins, que durante muitos anos viveu na China. Muito curioso e interessante, visão bem fundamentada de pessoas que viveram nesse país ainda tão desconhecido e com tamanha importância no contexto atual. 

Notre Dame é da diretora Valérie Donzelli, que também interpreta a arquiteta vencedora do concurso para o novo pátio da famosa catedral parisiense (o filme foi feito antes do incêndio que destruiu parcialmente esse patrimônio da humanidade). 

Ela vive Maud Crayon, separada, mãe de dois filhos e com namorado novo. Aliás, nem tão novo assim, pois foi seu amor de juventude. Comédia de costumes inteligente, mesclando o imbróglio amoroso com a crítica do paisagismo urbano. De quebra, retratos deslumbrantes da capital francesa. Um bom divertimento. 

Aznavour por Charles, de Marc de Domenico, lança um olhar bastante original sobre a vida do cantor Charles Aznavour. Aliás, esse olhar é do próprio Aznavour que, um dia, ganhou uma câmera de presente de Edith Piaf e nunca mais parou de filmar. Onde ia - e sua profissão o levava a toda parte - levava a câmera consigo. E filmava, filmava. Ia guardando os negativos que, já no fim da vida, confia ao cineasta. 

Publicidade

Material de primeira, mostrando Aznavour em várias situações e em etapas diferentes de sua vida. Com suas várias mulheres, em diferentes países, os filmes de que participou (o mais famoso Atirem no Pianista, de François Truffaut), etc. 

Uma vida e tanto, pode-se dizer. Celebra o prazer, mas não apenas. Filho de imigrantes armênios, Aznavour mostrava preferência por filmar os desvalidos da vida, os mercadores, pescadores, a gente pobre. Lembrava-se com nostalgia de Montmartre popular de sua juventude. Saudades que celebra em suas canções - uma em particular, La Bohème. Lindo filme. 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.