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Opinião|No In-Edit 2021 vale a dobradinha música cinema

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O maestro e compositor José Siqueira: figura a ser resgatada Foto: Estadão

Começa o 13º In-Edit (16 a 27 de junho), o festival de docs musicais, em versão online pelo segundo ano seguido devido à pandemia. 

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Toda a programação estará disponível na plataforma do festival, in-edit-brasil.com. Parte dos filmes também poderá ser vista na plataforma do Sesc Digital, sescsp.org.br/cinemaemcasa, com acesso gratuito e, a partir de 28 de junho até 28 de setembro, na Spcine Play, spcineplay.com.br, também de forma grátis. 

Todos os filmes do Panorama Brasileiro, todos os debates e todos os shows desta edição terão acesso gratuito através da plataforma, do site e das redes sociais do festival. Apenas os filmes do Panorama Mundial terão acesso pago, ao custo maneiro de R$ 3,00.

O cardápio é bem consistente - mais de 50 filmes, entre longas e curtas, nacionais e estrangeiros. A começar por uma homenagem ao grande documentarista norte-americano D.A. Pennebaker em sua fase musical, com Don't Look Back (1967), sobre a turnê inglesa de Bob Dylan, e Monterey Pop (1968). 

Entre os brasileiros, já vi alguns em cabines de imprensa (virtuais) ou em outros festivais. Recomendo vivamente Toada para José Siqueira, de Eduardo Consonni e Rodrigo Marques, sobre um personagem um tanto esquecido de nossa música. José Siqueira nasceu em uma pequena cidade no sertão paraibano. Aprendeu música desde criança, com o pai, mudou-se mais tarde para o Rio, tornou-se uma figura influente e fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira. Fez toda uma carreira dedicada à música dita erudita, sem jamais esquecer suas raízes. Local e universal, incorporava em suas composições cantos e ritmos ouvidos em criança. Como havia cometido o pecado supremo de ter visitado a União Soviética, foi perseguido pela ditadura militar instalada no país em 1964. Viu-se impedido de exercer sua profissão e arte. Uma grande figura, que merece a lembrança e o nosso respeito. 

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Em Paulo César Pinheiro - Letra e Alma, Andrea Prates e Cleisson Vidal fazem um retrato 3x4 do prolífico poeta, parceiro de gente como Tom Jobim, Baden Powell e São Pixinguinha, entre muitos outros. O formato é o de uma grande entrevista com o compositor, cujas lembranças remetem ao passado, com material de arquivo como ilustração. 

Muito bom, também, é Jair Rodrigues - Deixem que Digam, de Rubens Rewald, cineasta que joga bem tanto no documentário como na ficção. O filme é todo encantamento e incorpora em sua linguagem a alegria natural de Jair, figurinha carimbada na TV brasileira dos anos 1960 e 1970 e protagonista dos popularíssimos festivais de música daqueles anos. Num deles, Jair interpretou Disparada, de Geraldo Vandré - e entrou para a história. Vale relembrá-lo e curtir sua alegria de viver, sentimento que anda em falta no Brasil contemporâneo.

Dois Tempos, de Pablo Francischelli, traz um dueto muito especial, em ritmo de road movie. Os violonistas Yamandu Costa e Lucio Yanel viajam até Corrientes, na Argentina, para se apresentarem num festival de música. Yanel havia sido o mestre de Yamandu quando este era criança. Era, então, o reencontro entre mestre e discípulo, já em outra quadra do tempo. O aluno tornara-se mundialmente famoso, mas continuava a respeitar o mestre. Mais que um dueto, um embate amigável de duas personalidades singulares. 

Alzira E - Aquilo que eu nunca senti, de Marina Thomé, refaz a carreira de Alzira Espíndola, criada no Pantanal e integrante da vanguarda paulistana dos anos 1980 ao lado de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção.

Enfim, estas são apenas algumas indicações. Vou acompanhar o festival e comentar alguns filmes que eventualmente chamarem a atenção. 

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Para quem gosta da dobradinha música & cinema, o In-Edit é a maior pedida. 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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