Bela noite ontem na Mostra com programa duplo no Cinesesc: Procedimento Operacional Padrão, de Errol Morris, e Lóki, de Paulo Henrique Fontenelle. O primeiro, terrível, sobre o uso de tortura e humilhação contra prisioneiros no Iraque. O segundo, um homenagem ao Mutante Arnaldo Baptista. Que, aliás, estava na platéia e foi aplaudissísmo no final. Tocante mesmo. Arnaldo, depois do fim do seu casamento e parceria com Rita Lee, sofreu um bocado na vida até conseguir se reerguer. O filme tem esse mérito: não adoça nada, nem as crises, nem as viagens de ácido e nem a tentativa de suicídio. Pode não ser um filme inovador, em termos de linguagem cinematográfica, mas consegue perfeitamente informar e emocionar. Já está bom, né? Já Procedimento Operacional tenta trabalhar visualmente de maneira apurada, embora abuse da música. Mas o que se vê, e o que se ouve dos militares que participaram da tortura, é de estarrecer. Mesmo para quem sabe que não existe boniteza em nenhum dos atos do colonialismo. Fica o seguinte: nessa aventura no Iraque os Estados Unidos de Bush saíram chamuscadoem mais de um sentido. No ético, principalmente.
Quem quiser ver as repetições desses filmes, entre no site da Mostra.