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Opinião|Mostra de Tiradentes 2021: A liberação feminina em A Mesma Parte de um Homem

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Interessantes as premissas de A Mesma Parte de um Homem, primeiro longa de ficção de Ana Johan. Uma mulher, Renata (Clarissa Kiste), vive em seu sítio com a filha adolescente e o marido. A vida parece bem dura e bem brusca. O mundo rural paranaense é retratado em colorido sub-saturado, que passa uma impressão psíquica invernal e sufocante. 

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O marido morre em circunstâncias não explicadas e Renata parece decidida a tocar a fazendola sozinha, junto com a filha, recusando o assédio de outros homens. Isso até que um desconhecido, ferido, seja adotado pela família. Ele (Irandhir Santos) parece amnésico e Renata é quem se encarrega de lhe fornecer um passado. Isto é, inventar um passado para o homem. 

Com essa hipótese ficcional, desenvolve-se um caso peculiar de liberação feminina. As portas se abrem - ou melhor, são derrubadas - para que a mulher, antes oprimida, passe a comandar seu destino. Inclusive na esfera sexual, que tem importância central na trama. 

Tudo se beneficia da boa atuação do par principal, Clarissa Kiste e Irandhir Santos, ator que ilumina as cenas com sua presença. Um certo artificialismo na hipótese ficcional enfraquece um pouco a estrutura. E a velocidade com que tudo se resolve, ou se complica, também não concede ao espectador tempo para imersão na trama. 

Entendo que haja aí uma questão de timing, de alternância de ação e tempos mortos para que tudo pudesse ganhar mais densidade e concentração. Mas é um bom filme. Suas qualidades são maiores que suas possíveis limitações. 

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Esse filme e a programação podem ser vistos em mostradetiradentes.com.br

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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