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Opinião|Mostra 2021: Lua Azul

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

A Mostra 2021 está para começar e já vou adiantando aqui minhas anotações sobre o que tenho visto nas sessões para imprensa. 

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Aviso que nem sempre colocarei textos sobre filmes em ordem cronológica de exibição. No caso, sim, pois o romeno Lua Azul passa pela primeira vez amanhã, dia 20/10. Mas nem sempre será assim. 

Em todo caso, sempre confiram a programação e os meios para comprar o ingresso, online ou presencial. Os filmes são apresentados várias vezes. Perdeu uma sessão, corra atrás de outra. 

Enfim, o filme. 

Lua Azul é o título poético para o pancadão romeno dirigido por Alina Grigori. Tem como personagem central Irina (Ioana Chitu), uma garota de 22 anos que luta para ter uma educação universitária. 

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Para tanto, ela precisa escapar da família disfuncional e mudar-se ou para Bucareste ou - melhor ainda - para Londres. Quanto mais distante, melhor. 

No entanto, ela terá de lutar contra a oposição da família. Os parentes, a começar por primos e irmãos, entendem que o melhor para todos é ela ficar por lá, ajudando a tocar os negócios do clã. 

O tom é, digamos, bastante explícito. Cada qual expõe suas neuroses e sua violência sem pudor aparente. Não há pudor também, e nem poesia, na maneira como tudo é filmado. O estilo conta e o da diretora parece ser o de expor tudo sem qualquer disfarce ou atenuante. 

Por exemplo, Irina vai a uma festinha, bebe demais e, quando acorda, descobre que transou com alguém. Não se lembra com quem. Depois descobre. E dá início a um relacionamento que se pode chamar de abusivo. 

No começo, achei que seria o estopim para a discussão de uma questão moral. Pode-se falar de estupro, num caso desses? Mas o caminho escolhido é outro. E, se algo aconteceu, Irina parece ser, no mínimo, cúmplice do caso. 

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Aliás, esse deve ser um dos pontos interessantes do filme: ao invés de separar vítimas e opressores, parece sugerir que um sistema, mesmo disfuncional, opera com a conivência de todos. Luz Azul é perturbador e vale a pena ser visto. Ganhou o troféu de melhor filme no Festival de San Sebastián, na Espanha. 

Todas as informações necessárias sobre horários e compra de ingressos estão no site da Mostra: https://45.mostra.org/

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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