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Opinião|Mostra 2017. 'O Vendedor de Orquídeas' ou a arte que salva

O cineasta Lorenzo Vigas filma agora seu pai, o grande artista plástico venezuelano Oswaldo Vigas, num documentário íntimo, registro de família e de uma época.

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

Tive um belo começo de Mostra ontem com O Vendedor de Orquídeas (Venezuela). Lorenzo Vigas, o diretor, você conhece. Ele venceu Festival de Veneza com De Longe te Observo. Filma agora seu pai, o grande artista plástico venezuelano Oswaldo Vigas, num documentário íntimo, registro de família e de uma época.

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O velho Vigas é uma figura e tanto. Nas primeiras sequências o vemos conduzido em cadeira de rodas para cima de um monte, onde vai observar pinturas rupestres. Vai repetindo "Coño, coño, coño", que a legenda, de maneira pudica, traduz por "merda", sendo que se refere ao órgão sexual feminino.

Bem, Dom Vigas é visto ao pintar e, em especial, ao recordar sua vida, ao lado da esposa francesa Jeanine, mas em especial sua infância de menino pobre, e dos irmãos. Um deles aparece ao seu lado. O outro, Reynaldo, o mais vivaz de todos, acabamos por saber que teve final trágico.

Vigas o recorda com amor e sentimento de culpa. A certo ponto, interpreta sua preferência pela pintura como uma atividade que o impedia de continuar pensando no irmão morto. Uma espécie de terapia que o levou à fama e à fortuna.

Vemos também sua juventude de artista através de algumas fotos, uma delas abraçado a Picasso, em Paris.

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O fio narrativo é construído através de uma exposição retrospectiva que está sendo montada com a obra de juventude de Vigas. Falta uma tela - O Vendedor de Orquídeas, desaparecida. O modelo era Reynaldo. Vigas e sua esposa (e o filho Lorenzo, filmando) botam o pé na estrada e visitam pequenas cidades atrás do quadro sumido.

O Vendedor de Orquídeas é um road movie artístico e sentimental. Muito bem construído. Muito emocionante.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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