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Opinião|Morreu Geraldo Galvão Ferraz, o Kiko

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Atualização:

Notícia triste, agora confirmada: morreu o nosso ex-colega e amigo Geraldo Galvão Ferraz, o "Kiko". Tinha 69 anos, e morava em São Sebastião. O Kiko sofria de diabetes e hipertensão. Foi internado e sobreveio uma septicemia. Não resistiu.

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Trabalhamos juntos no início dos anos 1990, no Caderno 2, sob comando de José Onofre e Marta Góes, numa época bastante criativa do jornalismo cultural.

O Kiko, que era filho da escritora e militante Patrícia Galvão, a Pagu, e do escritor Geraldo Ferraz, era aquele tipo de jornalista que hoje se torna cada vez mais raro. Entendia de vários assuntos e escrevia sobre eles com propriedade. Era dono de um texto delicioso.

Estivemos juntos também num projeto de suplemento cultural que acabou não saindo quando fomos atropelados pelo Plano Collor. Estavam juntos na jogada, além do Kiko, o Zé Onofre, o Peninha, o Ruy Castro, o José Castello, o Moacir Amâncio e eu, se não estiver esquecendo de alguém. As reuniões, meio clandestinas, eram na casa do Ruy Castro, que então morava em São Paulo. Queríamos fazer o melhor suplemento de cultura do mundo, mas acabou não dando certo.

Kiko continuou alguns anos no Caderno 2 e, se não me engano, quando a Marta saiu, ele passou para o Jornal da Tarde, que, na época, tinha um excelente caderno de leituras aos sábados. O Kiko editava, junto com a Rosane Pavan, que hoje está na CartaCapital. Depois ele saiu do jornal e nos encontrávamos de vez em quando em alguma sessão de cinema para imprensa. Eram encontros curtos, mas sempre um bom papo. Kiko tinha humor, outra qualidade brasileira que também está se perdendo.

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Acho que a última vez que o vi foi em Santos, numa homenagem a Rudá de Andrade, de quem era meio irmão. Rudá era filho de Pagu e Oswald de Andrade.

O Kiko deixa uma fotobiografia da mãe, Pagu, o trabalho muito bom como jornalista e uma grande saudade nos amigos. Parece que havia também um romance em andamento, que ficou inacabado. Num ambiente tão áspero e competitivo como às vezes pode ser o do jornalismo, ele era sempre cordial e boa praça. Trabalhava como quem se divertia.

Que esteja em paz.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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