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Opinião|'Missão 115': o atentado que acabou com o regime militar

Em documentário, Silvio Da-Rin volta ao atentado de radicais de direita que pretendiam bloquear o processo de abertura. O filme é uma advertência para os dias de hoje

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:
 Foto: Estadão

Em Missão 115, Silvio Da-Rin disseca o rumoroso caso do Rio Centro que, para muitos historiadores, precipitou o fim do regime civil-militar iniciado em abril de 1964. O país vivia sob a presidência de mais um general, João Batista Figueiredo, designado por seu antecessor, Ernesto Geisel. Figueiredo deveria dar continuidade à política de Geisel de abertura democrática "lenta, gradual e segura". No entanto, havia cisões no interior do regime. E os da linha dura tentavam melar o processo consentido de redemocratização.

Foi num desses atos - o atentado fracassado durante um show de música dia 30 de abril de 1981 no Rio Centro - que os radicais fizeram o contrário do que pretendiam, liquidando um regime já enfraquecido. A ideia era provocar pânico no público do show e jogar a culpa nos comunistas, inviabilizando assim o processo de abertura. O plano falhou quando a bomba que haviam preparado explodiu no próprio carro dos terroristas - um Puma - matando um deles e deixando o outro gravemente ferido.

A apuração do atentado, uma farsa ridícula, enfraqueceu o presidente e abriu caminho para a redemocratização, que se concretizaria em 1985.

O mérito do documentário de Silvio Da-Rin é o reconstituir os bastidores desse episódio e mostrar como são frágeis e manipuláveis as instituições brasileiras. O que dá ao filme não apenas interesse histórico, mas total atualidade.

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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