A frase, que se tornou emblema do movimento feminista, dá título ao filme de Sandra Werneck, que será exibido hoje às 22h30 no Canal Curta! (56 da NET).
O documentário alterna cenas de manifestações feministas e entrevistas com mulheres que sofreram estupro ou outro tipo de agressão.
Algumas bem conhecidas do público, como nadadora Joana Maranhão, a farmacêutica Maria da Penha, a escritora Clara Averbuck e a modelo Luiza Brunet. Todas com histórias bem tristes para contar. Joana foi abusada pelo seu treinador quando ainda criança. Maria da Penha levou um tiro do ex-marido e ficou paraplégica. Clara foi estuprada por um grupo de homens quando era pré-adolescente. E Luiz foi agredida fisicamente pelo marido.
Maria da Penha e Joana Maranhão emprestaram seus nomes a leis de proteção às mulheres. A lei Maria da Penha, de 2006, sancionada por Lula, criminaliza a violência contra a mulher. A Lei Joana Maranhão, de 2012, muda o prazo de prescrição de crimes contra a dignidade sexual cometidos contra crianças e adolescentes. Leva em conta que, muitas vezes, pela pouca idade, as vítimas eram incapazes de prestar queixa e os crimes prescreviam deixando impunes seus autores.
O documentário adota formato simples, alternando depoimentos e manifestações públicas. Tem vivacidade, mantém o tom indignado e escolhe ótimos personagens. Dá voz total às vítimas, que se expressam com fluência e coragem. É um filme de importante, em particular neste momento regressivo do país.
Faz pensar que, em meio à barbárie que se anuncia e se consolida a cada dia, há conquistas inegociáveis que não podem sofrer retrocesso. Nesse sentido, o movimento de mulheres situa-se na ponta de lança da contraofensiva em relação a uma sociedade que flerta, namora e casa com o atraso.
Mexeu com uma Mexeu com todas é um filme de utilidade pública.