A história une duas "lolas" de Manilla. Uma tem o neto assassinado por causa de um celular, e luta para levantar dinheiro para o seu enterro. A outra é justamente a avó do assassino, que tenta um acordo financeiro com a família do assassinado, de modo que possa tirar o neto da cadeia.
O destino faz com que as trajetórias dessas duas mulheres pobres, aliás, paupérrimas, se cruze nessa Manila desvairada que nos mostra Mendoza. Que, por incrível que pareça, ainda nos reserva momentos de beleza, ainda que dura, e de um lirismo insupeitado. Por exemplo, na tocante cena da procissão de barcos para o enterro. Ou, na inusitada pescaria feita no primeiro andar de uma casa alagada. Mais ainda, no diálogo entre as duas mulheres, conversa de velhas, falando de mazelas e remédios, e selando um entendimento que vai além do que está sendo dito.
Lola Sepa (Anita Lindo) e Lola Puring (Rustica Carpio) são figuras exemplares de pobres mulheres que têm de se virar às próprias custas diante do olha de um Estado indiferente, quando não hostil. Podem viver em Manila,em São Paulo, em praticamente qualquer lugar deste mundo. Mendoza reserva a elas um olhar carinhoso, mas que não se adoça ao constatar a selvageria social. Como cineasta evoluiu em relação ao filme que o tornou famoso, o soturno e quase insuportável Kinatay. Neste, o relevo ia apenas para o lado sombrio da humanidade. Em Lola, os fios de ternura e violência se entretecem. Está mais próximo do real, portanto.