Vejo uma velha entrevista com Claude Lévi-Strauss no Canal Curta.
Ele fala do tempo e do saber. Diz algo assim como que o ápice do conhecimento se dá quando as civilizações se beneficiam das comunicações, mas, ao mesmo tempo, estas são suficientemente lentas para que as informações que trocam possam ser assimiladas e decantadas.
Fala da época de Descartes e Leibniz. A entrevista é de 1972!
Ele viveria muito tempo ainda - morreu com mais de 100 anos e pôde, talvez, vislumbrar no que havia se transformado nossa época de velocidade alucinada, overdose de informações e nenhum tempo de assimilação e aprofundamento. Vivemos imersos num mar de dados, que não cessa e não pode cessar. A quantidade é tudo.
Entupimo-nos e não fazemos qualquer esforço de selecionar, hierarquizar, compreender.
Há um tempo de reconhecer e um tempo de compreender, dizia Lacan.
Este último foi abolido. Nada é importante, porque tudo o é.
Num instante, porque, em seguida será esquecido, substituído e assim seguimos.