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Opinião|Jece: o adeus ao cafajeste

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
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Aos 76 anos, morreu Jece Valadão, ator que ganhou a vida com sua persona de cafajeste. Não por acaso, um dos seus melhores filmes foi justamente Os Cafajestes, de Ruy Guerra, em que contracena com Daniel Filho. Mas, antes disso, Jece já estava no elenco dos dois filmes de Nelson Pereira dos Santos, Rio 40 Graus (1955) e Rio Zona Norte (1957), interpretando personagens de malandros cariocas. Outro grande papel de Jece foi o bicheiro Boca de Ouro, também de Nelson Pereira dos Santos, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues. Na época, aliás, Jece era casado com a irmã do dramaturgo. Jece fez inúmeros papéis em filmes menores e também dirigiu diversos longas-metragens, como Vale de Canaã e um filme sobre o caso Ângela Diniz, socialite assassinada por Doca Street. Acabou criando um tipo e nele foi muito bom. Seu último trabalho foi na série para TV, Filhos do Carnaval, dirigida por Cao Hambúrguer. Seu papel? Um chefão do jogo do bicho, viciado em Viagra. Está ótimo, era uma delícia vê-lo em cena. A série deveria ter continuação, mas agora Cao vê-se diante de uma saia justa: como encontrar outro ator que faça um personagem para o qual Jece Valadão parecia ter nascido?

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Jece deixa um filme inédito, uma produção de Minas Gerais: o episódio A Liberdade de Akim, dirigido por Armando Mendz, um dos cinco relatos do longa coletivo 5 Frações de uma Quase História. Nesse episódio, Jece Valadão, para variar, faz um papel negativo: um juiz corrupto. O filme, me informou o diretor de outro dos episódios, Guilheme Fiúza,será lançado apenas no ano que vem.

Uma nota pessoal: uma vez fui fazer uma longa entrevista com Jece Valadão e o encontrei, em seu apartamento, ajudando o filho menor a estudar matemática, como qualquer pai de família normal. Vivemos presos a clichês nesta vida.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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