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Cinema, cultura & afins

Opinião|Itália e Irã

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Dia meio punk ontem, com reuniões no jornal e várias matérias para escrever no Caderno 2. Cheguei tarde em casa, mas ainda deu para ver o segundo tempo de Cruzeiro e Santos e aquele golzinho do Peixe no último segundo. Dormi, pulei da cama e fui direto às sessões de imprensa da Mostra. Vi dois filmes, um italiano (Sotto la Stessa Luna) e um iraniano, cujo título traduzido equivaleria a Você tem outra Maçã?

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Gostei bastante de Sotto la Stessa Luna, dirigido por um tal Carlo Luglio. Em tom de documentário, filmado em digital na região de Nápoles, Scampia, com a convência nada harmoniosa entre ciganos e a camorra. Filme violento, étnico, falado em dialeto (o que é raro, na Itália atual), imagens sujas, destoantes do cinema bonitinho que está se fazendo na Itália hoje em dia. Tem problemas, não chega nem de longe a ser genial. Mas encontrei nele mais vida do que nos três filmes italianos que assisti no Festival de Veneza. Prefiro a vivacidade com defeitos do que a perfeição artificial e morta. Suponho que o título queira dizer que, assim como o sol nasceu para todos, também a lua brilha para qualquer pessoa, italiana ou cigana. Nos tempos dessa pseudo-globalização isso tem de ser lembrado.

Já o iraniano me deixou um tanto intrigado. E, já que estamos falando na intimidade, entre amigos, me entediou também um bocado. O cineasta Bayram Fazli contrói um universo fabular, em que um homem e uma mulher (belíssima, aliás) partilham uma jornada através do deserto, protegem crianças desamparadas, escapam de uma tribo sanguinária que se locomove em motos. Imagens belíssimas, apuradas, um tom de fábula que parece um convite para você embarcar na história, sem críticas. Eu não consegui muito, não.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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