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Cinema, cultura & afins

Opinião|Humberto Solás (1941-2008)

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Atualização:

Morreu o diretor cubano Humberto Solás, de câncer, com 66 anos. Solás é autor de uma obra-prima do cinema latino-americano, Lucía (1968), além de vários outros filmes, inclusive El Siglo de las Luces (1991) que adaptou do seu compatriota Alejo Carpentier e concorreu no Festival de Gramado, aqui no Brasil.

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Solás era um dos últimos remanescentes dos "artistas da revolução", que apoiaram o regime cubano pós-Fulgêncio Batista, embora muitas vezes de forma crítica. Os outros já morreram - Gutiérrez Alea, Santiago Álvares, etc. Vive ainda Julio García Espinosa, mas é toda uma era que está terminando.

Conheço alguns dos filmes de Solás, como El Siglo de las Luces e Um Homem de Êxito. Tinha uma forma exuberante de filmar, o que levou alguns a chamá-lo de "Visconti do Caribe". Exagero. Mas o meu favorito mesmo era Lucía, com sua história da mulher cubana em três tempos - no período colonial, durante a revolução e na fase de implantação do novo regime na Ilha.

Acho que Solás nunca foi tão livre, leve e inspirado quanto na época dessa filmagem. Tudo flui, há magnetismo, envolvimento, ritmo. Felicidade, em suma. Algo em geral possível somente em períodos limitados na história das pessoas e dos povos.

Lucía fica como marco de uma época de cinema inventivo e radical no continente e em Cuba, em particular. Basta lembrar que foi feito no mesmo ano de Memórias do Subdesenvolvimento, a obra maior de Alea. Que tempo, aquele.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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