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Opinião|Hora de balanço

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

A bola parou de rolar, é tempo de cumprimentar vencedores e consolar derrotados. Melhor ainda: tempo de refletir sobre o ano, já na minguante, para ver se conseguimos melhorar no período seguinte.

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Seria chover no molhado dizer que o São Paulo estabeleceu uma hegemonia no futebol brasileiro. Até quando irá? Quem poderá confrontá-la? São perguntas ainda sem resposta. Talvez o Palmeiras, se encorpar um pouco mais, pode vir a ser um rival à altura. É o único dos paulistas em condições teóricas de encarar o campeão de 2008. O Corinthians é uma interrogação. Vamos observá-lo melhor no Campeonato Paulista. O Santos terá de mudar radicalmente sua conduta se quiser voltar a ser grande. Com um "planejamento" como de 2008 seu futuro é a Série B em 2010.

O Rio Grande do Sul, feitas as contas, também teve seu bom ano. O Grêmio de Celso Roth surpreendeu com o vice-campeonato e o Internacional conquistou um título inédito para o Brasil, na até há pouco desprezada Copa Sul-Americana. O mais notável: o Inter tem talvez o time mais interessante do atual futebol brasileiro, uma equipe que dá gosto ver jogar.

Minas também não ficou tão mal. Verdade que o Ipatinga caiu e o Atlético teve campanha medíocre, mas o Cruzeiro chegou em 3º lugar e, como o Internacional, é um dos poucos times do Brasil que proporcionam um pouco de alegria ao apreciador, com seu futebol leve e bem jogado. Falta-lhe constância, consistência e equilíbrio. Pode ir mais longe.

Já o Rio, que começara promissor, terminou beirando a catástrofe. O Vasco caiu, o Botafogo vegetou no meio da tabela, o Fluminense, que esteve a um dedo de ganhar a Libertadores, passou o resto do ano lutando contra o rebaixamento. O Flamengo negou fogo na reta final e perdeu a vaga no último jogo.

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O Goiás andou pelo meio da tabela e já melhorou em relação ao ano passado, quando quase caiu. Os times do Nordeste - Vitória e Náutico - permanecem na divisão de elite. O pernambucano salvando-se no fim, o Vitória fazendo campanha razoável e mostrando momentos de bom futebol. Em Santa Catarina, entra o Avaí e sai o Figueirense e, no Paraná, permanecem tanto Coritiba como Atlético. Sem grandes brilhos.

Escrevo isso e dou-me conta de que boa parte do que aconteceu durante o Campeonato Brasileiro não é digna de nota. São times medíocres ou medianos lutando entre si, incapazes de agradar às próprias torcidas e cujo único objetivo é permanecer na Primeira Divisão. Não deixam traço na memória.

Já o São Paulo e Grêmio merecem atenção à parte. Chegaram na frente e com todos os méritos. Mas, tirando seus torcedores, não conheço ninguém que possa ter prazer em vê-los jogar. Representam, com sua solidez, jogo pesado e pragmático, o caminho tomado pelo futebol brasileiro nos últimos anos. Claro que ainda há por aqui alguns bons jogadores e mesmo revelações. Dá gosto ver um Nilmar, um Keirrison, um Hernanes. Mas são poucos, estrelas solitárias nesse deserto de homens e de idéias. O número de bons jogadores é insuficiente para gerar a massa crítica de um campeonato de nível alto. Feitas as contas, a emoção compensando em parte a falta de técnica, até que este Brasileirão saiu melhor do que se esperava. Mas é pouco. Nesse sentido, Celso Roth e Muricy Ramalho merecem ser saudados como os treinadores que melhor compreenderam o momento atual e a ele souberam se adaptar. O resto é romantismo. No mau sentido do termo.

FÉRIAS

Como boleiros e técnicos em final de temporada, também o colunista anda meio sem fôlego. Precisa de férias para, descansado, voltar jogando um pouco melhor, e dando tudo de si para o bem da equipe. Esta coluna deseja aos leitores um Feliz Natal e ótimo Ano Novo. Estará de volta dia 13 de janeiro.

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(Coluna Boleiros, 9/12/08)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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