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Cinema, cultura & afins

Opinião|Giovanni Improtta

Há momentos de bom cinema no início de Giovanni Improtta, quando o figurão interpretado por José Wilker chega ao enterro de um parceiro. Nessa sequência algumas coisas se anunciam, tais como o capricho da filmagem, a relação irônica com a história, um senso de simetria da imagem - por exemplo quando as portas das limusines se abrem ao mesmo tempo no cemitério. E também, uma carnavalização da tradicional história do contraventor por meio de um recurso musical que convém não revelar.

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Enfim, esses minutos de prazer nos fazem antever um filme que, infelizmente, acaba não vindo no restante do tempo. Do personagem emprestado à telenovela, o contraventor que deseja legalizar seus negócios, resta uma história pontuada por bons momentos isolados, mas que, no todo, não chega a ser uma comédia, como fora prometido, e tampouco alcança um aspecto crítico, como talvez fosse desejo do seu diretor e intérprete.

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O fato é que o público não ri - e não se trata aqui de uma daquelas observações subjetivas, em que o crítico atribui ao público sua impressão pessoal pelo pudor de se expressar em primeira pessoa. Prova dos noves: no Cine PE, diante da generosa (e numerosa) plateia do Recife, foram ouvidas poucas risadas. E em ocasiões esporádicas.

Wilker defendeu-se dizendo que Giovanni Improtta não era comédia. Ok. Mas talvez o filme tenha ficado indeciso entre essas duas vontades, a de ser cômico e distanciado (porque crítico) ao mesmo tempo. Essa combinação é possível, mas depende de uma química toda especial entre roteiro, elenco e direção, que, neste caso, não ocorreu. Num trabalho que se destaca por aspectos isolados e não por seu todo, é lícito falar do bom elenco, Wilker à frente, mas também Andréa Beltrão e André Mattos, além da fotografia caprichada de Lauro Escorel. Não é mau filme. Mas esperávamos mais.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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