O filme da japonesa Miki Kuretani (com codireção de Tatiana Villela), um projeto fotografado por Cézar Charlone, tenta flagrar essas vertentes complementares - a especificidade de um povo e a originalidade de um jogo. Para isso, ouve especialistas como o cronista Armando Nogueira e o antropólogo Roberto DaMatta, autor de obras fundamentais sobre o assunto.
Armando defende a tese de que o Brasil é produto de três raças tristes, amálgama que, por paradoxo, teria gerado um povo vocacionado para a felicidade. Essa alegria inscrita no DNA nacional se expressaria na maneira como canta, como dança - e, claro, como joga o futebol. Jogo feliz, ou futebol-arte, essas características associadas (de maneira justa ou não) ao esporte nacional.
Para dar seu recado, o filme registra garotos que praticam o esporte e alguns ex-craques como Sócrates, Pepe, Lima e Coutinho, grandes expoentes do melhor futebol jogado à brasileira. Como diz Sócrates, que brilhou no Corinthians e na seleção brasileira, o maior time que viu praticar esse jogo feliz foi o Santos do início dos anos 60. No qual jogavam Pepe, Lima e Coutinho. Ao lado de um cidadão chamado Pelé.
(Caderno 2, 29/10/09)