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Cinema, cultura & afins

Opinião|Festival de Brasília começa hoje com filme de Marco Bellocchio

 

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

 

 

De qualquer forma, a presença de O Traidor na programação não deixa de ser uma novidade num evento que parece cheio delas. Cabe lembrar que o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, agora em sua 52ª edição, é o mais antigo evento do gênero no Brasil. Nasceu em 1965, com o nome de Semana do Cinema Brasileiro, sob os auspícios de ninguém menos que Paulo Emilio Sales Gomes e sua equipe. Na época, Paulo Emilio, nosso crítico maior, lecionava no pioneiro curso de cinema da Universidade de Brasília, instituição que se queria inovadora, num tempo em que o país desejava ser moderno. 

 

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O Festival de Brasília sofreu com a censura na época da ditadura militar (três edições não foram realizadas, 1972,1973,1974), mas exibiu o que de melhor havia na produção nacional ao longo de décadas. Premiou nossos principais diretores, deu visibilidade aos filmes mais representativos, construiu a aura de plateia mais politizada do país, enfrentou a seca do período Collor e viu o cinema nacional renascer na chamada Retomada do cinema nacional. É o pulso e o termômetro da nossa cinematografia. Registra seus batimentos cardíacos e febres e arritmias ocasionais. Veremos como será este ano, em que a cultura nacional - e o cinema, em especial - se veem perseguidas pelo poder de plantão. 

 

Ao longo de sua história adotou vários formatos de seleção de filmes e programação. Durante muitos anos manteve uma fórmula enxuta, seis longas e 12 curtas apenas, discutidos a fundo nos famosos debates do dia seguinte à exibição. Debates em que se trocavam ideias, discutia-se e às vezes pegavam fogo. Nos últimos anos, decidiu-se por uma programação mais extensa e bastante mais fechada na escolha de um cinema brasileiro independente e experimental. 

 

Volta agora ao formato algo próximo daquele adotado anos atrás. Teremos sete longas na competição principal de longas e mais 14 curtas. As sessões noturnas, portanto, não serão massacrantes. Haverá tempo para fruir os filmes e, com sorte, discuti-los no dia seguinte à exibição. 

Mas há outras seções que prometem dar originalidade a este evento de 2019. Além da tradicional Mostra Brasília, com a produção local, haverá uma seleção de filmes oriundos de vários Estados da federação. Tenta-se, desse modo, um panorama daquilo que está sendo feito em todo país, uma visão que não se limita aos eixos tradicionais de produção, Rio-São Paulo em particular. Um olhar voltado para a diversidade.  

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Entre todas as mostras, um total de 108 filmes (longas, médias e curtas) serão exibidas no Cine Brasília ao longo do festival. A festa termina dia 30, com a exibição de Giocondo Dias, Ilustre Clandestino, do cineasta Vladimir Carvalho. 

 

Concorrentes:

  •  
  • Volume morto, de Kauê Telloli (SP)
  • A febre, de Maya Da-Rin (RJ)
  • Alice Júnior, de Gil Barone (PR)
  • O tempo que resta, documentário de Thaís Borges (DF)
  • Loop, de Bruno Bini (MT)
  • O mês que não terminou, da dupla Francisco Bosco e Raul Mourão (RJ); e
  • Piedade, Claudio Assis (RJ).

Outros competidores

Curtas

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Alfazema (RJ, ficção, 24min, 14 anos), de Sabrina Fidalgo

Amor aos Vintes Anos (SP, 24min, livre), de Felipe Arrojo Poroger e Toti Loureiro

Angela (MG, ficção, 14min, livre), de Marília Nogueira

Ari y Yo (PA, documentário, 12min, livre), de Adriana de Faria

Cabeça de Rua (MG, ficção, 14min, 10 anos), de Angélica Lourenço

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Caranguejo Rei (PE, ficção, 23min, 12 anos), de Enock Carvalho e Matheus Farias

Carne (SP, animação, 12 anos, 14 anos), de Camila Kater

Chico Mendes: Um Legado a Defender (DF, documentário, 10min, 10 anos), de João Inácio

Marco (CE, ficção, 20min, 10 anos), de Sara Benvenuto

A Nave de Mané Socó (PE, ficção, 18min, livre), de Severino Dadá

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Parabéns a Você (PR, ficção, 19min, 10 anos), de Andréia Kaláboa

Pelano! (BA, ficção, 12min, livre), de Christina Mariani e Calebe Lopes

Rã (SP, ficção, 15min, livre), de Julia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti

Sangro (SP, 7min, 14 anos), de Tiago Minamisawa, Bruno H. Castro e Guto BR

Mostra Brasília BRB

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Longas

Ainda Temos a Imensidão da Noite (ficção, 98min, 16 anos), de Gustavo Galvão

Dulcina (documentário, 94min, livre), de Glória Teixeira

Mãe (ficção, 86min, 16 anos), de Adriana Vasconcelos

Mito e Música: A Mensagem de Fernando Pessoa (documentário, 96min, 12 anos), de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira

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Curtas

Ambulatório (documentário, 21min, livre), de Júlia de Lannoy

Claudia e o Crocodilo (animação, 10min, 10 anos), de Raquel Piantino

Encanto Feminino (ficção, 8min, livre), de Fabíola de Andrade

Escola Sem Sentido (ficção, 15min, livre), de Thiago Foresti

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Luis Humberto: O Olhar Possível (documentário, 20min, livre), de Mariana Costa e Rafael Lobo

#SOMOSAMAZÔNIA (documentário, 12min, livre), de João Inácio

A Terra em que Pisar (ficção, 25min, livre), de Fáuston da Silva

O Véu de Armani (ficção, 15min, livre), de Renata Diniz

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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