Luiz Zanin Oricchio
15 de maio de 2012 | 15h18
A coordenação do Festival de Brasilia (17 a 24 de setembro) anunciou mudanças para este ano.
Haverá duas mostras competitivas, de longas de ficção e longas documentais, com seis filmes cada uma e premiação própria.
Também os curtas serão separados em documentais e de ficção. Seis cada mostra e mais seis de animação.
Total: 12 longas-metragens e 18 curtas. E mais a Mostra Brasília, com a produção local.
Saiu o coordenador do festival, Nilson Rodrigues, que fez a edição passada e, em seu lugar, entrou Sergio Fidalgo. A assessora de cinema da Fundação Cultural é a cineasta Cibele Amaral.
O festival sai do Cine Brasília (em obras) e vai para o Teatro Nacional, onde antes só havia a sessão de abertura. Agora todas as sessões serão nesse teatro, de arquitetura linda e poltronas torturantes, cujo conforto rivaliza com o das poltronas de avião da classe econômica.
As “novidades”, no fundo, são retrocessos. Uma espécie de progresso para trás. Num tempo em que quase não se discute mais a diferença entre ficções e documentários, o festival separa as mostras, como se as fronteiras fossem evidentes.
E há a questão da overdose. Brasília se caracterizou, nos últimos anos, por ser uma mostra enxuta, com poucos filmes, que eram fruídos, decantados e debatidos com todo o rigor. Era o seu diferencial. Com as maratonas, isso vai se perder.
Continua abolido também o critério de ineditismo, outro ex-diferencial de Brasília, o que enfraquece o festival, ao contrário do que pensa o secretário de cultura do DF, o sr. Hamilton Pereira. Ninguém liga para filme velho. Por isso, e não por outro motivo, os festivais primeira linha de todo o mundo insistem no ineditismo. Veja lá se Cannes, Berlim e Veneza aceitam filmes já vistos, discutidos e criticados. De jeito nenhum. Brasília pensava grande e voltou a pensar pequeno.
Os prêmios em dinheiro continuam vultosos. Com o fim de Paulínia, festival liquidado pelo oportunismo político, voltam a ser os maiores do País. Como os filmes não precisam mais ser inéditos (basta que o sejam no DF), os cineastas estão esfregando as mãos de contentamento. Bom para eles.
Pior para o festival, que já foi o mais importante do País e está fazendo de tudo para deixar de ser, já faz alguns anos.
Vai acabar conseguindo.
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