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Opinião|Faleceu Octavio Getino, autor de La Hora de los Hornos

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

 

Morreu hoje o cineasta argentino Octavio Getino, aos 77 anos. Getino foi parceiro de Fernando Solanas em La Hora de los Hornos, um dos mais importantes títulos da filmografia latino-americana.

Vinculados ao peronismo de esquerda, filmaram La Hora de los Hornos de maneira clandestina. O filme, de mais de quatro horas, tem três partes e procura fazer uma prospecção política não apenas da nação argentina mas do continente. É de 1969 e, portanto, já incorpora a morte de Che Guevara na Bolívia, em 1967, como signo do impasse da luta insurrecional no continente. Termina de maneira muito forte, com uma longa cena do Che morto, de olhos abertos, como se mirasse diretamente nos olhos do espectador.

 Foto: Estadão

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Também com Solanas realizou uma série de documentários sobre Peron, quando este estava no exílio.

Getino, que tinha origem espanhola (nasceu na cidade de León, em 1935) era também um importante teórico do cinema, em especial no seu viés político. Fundou, com Solanas e Gerardo Vallejo, o Grupo Cine Liberación, organismo que deu base à proposta que definiam como Tercer Cine. Ou seja, nem o cinema comercial norte-americano, nem o cinema de arte europeu, mas um cinema que fosse utilizado como ferramenta política com vistas à revolução.

É um nome dos mais importantes na história do cinema político latino-americano e mantinha vínculos estreitos com o Brasil, em especial com o pessoal do Cinema Novo.

Mesmo em época tão despolitizada como a nossa, qualquer retrospectiva séria do cinema latino-americano teria de incluir La Hora de los Hornos. É um belo, intenso e dilacerado filme.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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