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Opinião|ETV 2022: Belchior e o Processo de Praga

Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Bonito e intenso, o retrato de Belchior traçado pela dupla Natália Dias e Camilo Cavalcanti. Nele, o cantor, compositor e, claro, pensador, Antonio Carlos Belchior Fontenelle Fernandes (1946-2017) aparece de corpo inteiro através de entrevistas e apresentações que fez ao longo de sua vida artística. 

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Não há especialistas a explicar a obra. A obra explica-se por si mesma. Já a vida, é mais misteriosa. 

Nem as zonas de sombra na trajetória são escondidas, os desaparecimentos do artista e suas opções no fim da existência. Tudo está lá, nesse retrato que se deseja de corpo inteiro. E, que é, na verdade, um auto-retrato. 

Mesmo em intervenção "externa", o ator Silvero Pereira limita-se a interpretar poemas e letras do próprio Belchior. 

 

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Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens Rio de Janeiro Espaço Itaú de Cinema Botafogo - Sala 6 07/04/2022 às 20h00
Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens Online É Tudo Verdade Play 07/04/2022 às 21h00
Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens São Paulo Espaço Itaú de Cinema Augusta - Sala 1 07/04/2022 às 20h00
Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens Online É Tudo Verdade Play 08/04/2022 às 13h00

 

 Foto: Estadão

 

O Processo - Praga 1952, de Ruth Zylberman mostra o julgamento (forjado) de 14 dignitários comunistas, a maior parte deles judeus, acusados de crimes imaginários e forçados a fazer confissão pública depois de submetidos a torturas e ameaças à suas famílias. Muitos foram condenados à morte. Outros, a prisão perpétua. 

As imagens são impressionantes e fazem parte de um acervo encontrado por acaso em Praga, em 2018, num armazém. Permitem a remontagem do processo Slansky, no auge do terror stalinista na antiga Checoslováquia. 

O filme mostra, em especial, a trajetória de três desses homens, importantes e poderosos em seu tempo, que, caídos em desgraça, acabam devorados pelo monstro que eles próprios ajudaram a criar. 

O título do filme - O Processo - não é casual. Remete ao grande escritor checo e à sua obra maior. O filme provoca o incômodo de uma narrativa kafkiana. Como na literatura, também na vida real, não se sabe de que crimes eles são acusados. Não importa. Esses detalhes não interessam às ditaduras. Os acusados são culpados porque o são. 

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Competição Internacional de Longas e Médias-Metragens Online É Tudo Verdade Play 07/04/2022 às 17h00

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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